Para o ministro da Saúde Marcelo Queiroga, o debate em torno da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos é assunto “pacificado”. A pasta, contudo, não se ocupou nem mesmo de apresentar um cronograma para o início das imunizações. Enquanto isso, a sociedade civil cobra urgência para o início do processo, considerado por especialistas como fundamental para o controle da pandemia. Nesta terça-feira (28), a Fiocruz divulgou uma nota técnica reforçando a importância da vacinação das crianças.
A nota da Fiocruz argumenta que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o uso da vacina Pfizer, no dia 16 de dezembro, ”após rigorosos testes pré-clínicos e ensaios clínicos em diferentes países”. [A vacinação] “é de grande relevância em saúde pública pelas seguintes razões: atuar na mitigação de formas graves e óbitos pela Covid-19 na faixa etária; colaborar potencialmente na redução da transmissibilidade da doença; ser uma das mais importantes estratégias para o retorno e manutenção segura das atividades escolares presenciais”, observa a Fiocruz.
O instituto alerta ainda para a disseminação da variante Ômicron em muitos países, expondo ao risco de infecções pessoas não vacinadas, caso das crianças na faixa etária considerada. “Ainda que crianças adoeçam menos por Covid-19 e menos frequentemente desenvolvam formas graves da doença, elas transmitem o vírus na comunidade escolar e fora dela”, adverte a Fiocruz, na nota. “A vacinação de crianças se apresenta, portanto, como alternativa robusta para garantir a continuidade de oferta de escola na forma presencial”.
A Fiocruz lembra ainda que diversos países já deram início às imunizações, alguns inclusive em crianças menores de 5 anos, caso do Chile, da Bolívia e de Cuba. “Vários países asiáticos também já iniciaram a vacinação de suas crianças”, aponta a Fiocruz. “Nos EUA cerca de 5 milhões de crianças entre 5 e 11 anos de idade já foram imunizadas, sem eventos adversos significativos”, justifica a entidade.
“Urgência da vacinação”
De acordo com a BBC News, pelo menos 39 países estão vacinando ou deram autorização para o início de um plano de imunização de crianças, 23 deles na Europa. “Os pais precisam entender a urgência da vacinação porque a pandemia ainda não acabou”, alertou o patologista-chefe do Hospital da Criança do Texas, James Versalovic, em declaração à rede britânica.
Ainda de acordo com a BBC, dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA indicam que o país registrou perto de 1,8 milhão de infecções em crianças de 5 a 11 anos. Quase 200 morreram por complicações decorrentes da Covid-19.
Entidades lançam manifesto por vacinação de crianças
Enquanto Queiroga faz média com Bolsonaro, defendendo uma inapropriada consulta pública sobre o assunto, a sociedade civil aumenta a pressão para que o país comece logo a vacinar suas crianças. Na segunda-feira (27), a Associação Médica Brasileira (AMB), que reúne associações de todo o país, divulgou nota declarando-se “integralmente” a favor das imunizações das crianças. A entidade também defendeu a autonomia da Anvisa na questão.
“Lembramos que a liberação por parte da Anvisa, neste e em quaisquer casos/faixas etárias, somente ocorre após rigorosos estudos clínicos, tendo como voluntários milhares de indivíduos, com o objetivo de garantir a segurança e eficácia”, aponta a AMB.
Diante das mais de 300 mortes de crianças por Covid no país, a entidade faz um apelo para que novas mortes sejam impedidas. “Novas mortes são absolutamente evitáveis e temos obrigação de trabalhar nesse sentido”
“Conclamamos todos os pais e/ou responsáveis a, quando as vacinas estiverem disponíveis, vacinarem seus filhos. Vacina é vida, vacinar, um ato de amor”, conclui a AMB.
PT Nacional, com informações de Fiocruz, BBC News e Valor