Quase um ano após o surgimento do surto de coronavírus no mundo, os EUA e o Brasil carregam o fardo insuportável da perda de quase meio milhão de seres humanos. São 476,2 mil vidas perdidas, 296,9 mil americanos, e 179 mil brasileiros, vítimas do negacionismo inconsequente de dois presidentes de extrema-direita, Donald Trump e Jair Bolsonaro. Nos EUA, o vírus se alastra com ferocidade, resultando em outro triste recorde, registrado na quarta-feira: mais de três mil óbitos foram computados em um único dia. Já o Brasil, que tem 6,7 milhões de casos da doença, 21 estados e o Distrito Federal bateram recorde na média móvel de mortes desde que o consórcio de veículos de imprensa passou a fazer o cálculo em julho, amparado nos dados fornecidos pelas secretarias Estaduais de Saúde. Na quarta-feira, o país registrou 848 óbitos, o maior número em quase 30 dias.
Apesar do quadro preocupante de agravamento da doença no país, o presidente Jair Bolsonaro volta a negar a realidade, preferindo continuar mentindo para a população. Nesta quinta-feira (10), o ocupante do Planalto afirmou que a pandemia está chegando ao fim. “Me permite falar um pouco do governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia”, anunciou Bolsonaro, em discurso de inauguração de trecho da nova Ponte do Guaíba, na BR-290, em Porto Alegre. “O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se saíram na pandemia”, delirou, em mais uma afronta à dor das famílias de quase 180 mil mortos.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, a média móvel de casos também está acelerada, subindo 33% em relação à média de 14 dias atrás, segundo cálculos do consórcio de veículos de imprensa. São 41.926 novos casos por dia, em média. Já a média de mortes atingiu o maior número desde 6 de outubro, com um aumento de 34%: 643 óbitos diários, um patamar inaceitável em qualquer nação que tenha um presidente preocupado em proteger sua população.
Último na corrida pela vida
Enquanto isso, o país segue sem um plano nacional de vacinação e deve ser empurrado para o fim da fila de imunizações por causa da incompetência do Ministério da Saúde. “Bolsonaro vai na contramão do que todos os países do mundo estão fazendo para conseguir vacinar sua população”, critica o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (SP). “Ao invés de procurar acordos com mais de uma empresa produtora de vacinas, Bolsonaro pratica a guerra das vacinas, uma vergonha”, acusa.
Mesmo com os maiores números de casos e mortes pela doença, argumenta o deputado, o Brasil será o último a realizar a vacinação. “Inclusive, EUA e México iniciam suas campanhas ainda este ano. Reino Unido já começou. E o Brasil segue em último na corrida pela vida”, lamenta.
Taxa de ocupação de leitos no limite
Tanto no Brasil quanto nos EUA, o número de internações está pressionando os sistemas de saúde ao ponto de colapso, com as taxas de ocupação de leitos de UTI chegando perigosamente ao limite. Segundo levantamento da ‘ Rede Globo’, ao menos 10 capitais brasileiras atingiram 80% da capacidade de ocupação de leitos na rede pública, de acordo com informações fornecidas pelas secretarias de Saúde.
No Rio de Janeiro, a taxa passou de 91% e em Campo Grande (MS), chegou a 100% do limite. Pedidos de transferência de pacientes de cidades do interior estão sendo negados pela prefeitura simplesmente porque não onde onde colocar os doentes. Em Florianópolis (SC) e Curitiba (PR) o quadro também é assustador, com as taxas de ocupação ultrapassando 96% e 94%, respectivamente.
Nos EUA, a situação é igualmente dramática. Mais de um terço dos americanos vivem perto de hospitais com falta de leitos para unidades de terapia intensiva, de acordo com o ‘New York Times’. A Califórnia bateu recorde de mortes e novos casos, com mais de 11 mil pessoas hospitalizadas e 30 mil novos registros da doença. Um cenário catastrófico de uma guerra que parece longe do fim.
Por PT Nacional