Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, que durou mais de seis horas, o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho afirmou que o resultado econômico da BNDES Participações com o grupo JBS “foi positivo” e que as decisões do banco, relativas à disponibilização de créditos para empresas, são feitas de forma colegiada, seguindo critérios de avaliação supervisionados em várias etapas por técnicos do quadro do banco.
“A BNDESPar lucrou com os recursos aportados por meio da sua participação acionária na JBS. Dos R$ 8,1 bilhões investidos pelo banco – R$ 5,6 bilhões na JBS e R$ 2,5 bilhões nos frigoríficos Bertin -, o BNDES recebeu R$1 bilhão em comissões e prêmios; e R$ 4 bilhões em venda de ações, com lucro e ainda havia R$ 3,5 bilhões na carteira no final de 2016”, explicou.
Questionado diversas vezes e por vários parlamentares sobre tempo e critérios para as operações com a JBS, Coutinho disse ter sido necessário mais de um ano apenas com tratativas antes de o negócio com a JBS ser formalizado. “Não é um processo menos rigoroso que os do BNDES. Quando em 2007 a JBS se apresenta ao BNDES solicitando participação no aumento de capital para a compra da Swift argentina, a JBS já tinha vida própria e já havia feito a aquisição de mais de 30 frigoríficos sem receber um centavo do BNDES”, enfatizou Luciano Coutinho.
Pedidos – Também muito questionado sobre interferência do Ministério das Fazenda nas operações do banco, ou para favorecer contribuições a partidos políticos, Luciano Coutinho foi taxativo ao afirmar que nunca recebeu “pedidos ilícitos” dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega. “Jamais recebi do ministro Guido Mantega qualquer solicitação indevida vinculativa a qualquer projeto em curso no BNDES. Também não recebi pedidos ilícitos ou tive conhecimento de consultoria ou das atividades do ex-ministro Palocci. Não teve e nem eu permitiria que viesse a ter qualquer interferência nos negócios do BNDES”, afirmou Coutinho.
Vânia Rodrigues
Foto: Lucio Bernardo Jr.