O deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) protocolou neste domingo (2) uma representação endereçada ao Ministério das Relações Exteriores exigindo que o governo traga ao Brasil, em segurança, o grupo de mais de 30 brasileiros que estão em Wuhan, cidade na China que é o epicentro da epidemia do coronavírus.
O grupo de brasileiros, que inclui homens, mulheres e até mesmo crianças, já fez dois apelos ao presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e ao ministro Ernesto Araújo para que os ajude a voltar ao Brasil, visto que todos eles estão saudáveis e não apresentam nenhum sintoma da doença.
Inércia e desprezo do governo
Bolsonaro, no entanto, se recusa a trazê-los de volta sob o argumento de que a operação “custa caro”, indo na contramão de outros países, como Estados Unidos e Japão, que já estão trazendo seus cidadãos para seus países de origem.
“Na qualidade de ex-ministro da saúde, deputado, médico e cidadão, vejo como inaceitável e inadmissível a situação dos brasileiros naquela cidade, mas é ainda mais inaceitável a inércia e o absoluto desprezo para com tão grave situação por parte do presidente da República e deste ministério. Importante dizer que, uma vez estarem eles em perfeitas condições de saúde até este momento, qualquer alteração neste quadro será de inteira responsabilidade de vossa Excelência e do Presidente da República”, afirma Padilha na representação divulgada pela revista Fórum.
“O Brasil é um dos únicos países que mesmo diante da gravidade informada e definida pela Organização Mundial de Saúde, continua sem qualquer plano de ação não apenas para solucionar a situação dos brasileiros residentes em Wuhan, como para prevenir o problema internamente”, completa o parlamentar.
Razões humanitárias
Pelo twitter, Padilha observou que EUA, Japão e vários países da Europa tiraram seus cidadãos da China. “Razões humanitárias e vigilância. Trazer em conjunto, facilita p/avaliação clínica, bloqueio da transmissão, acompanhamento de surgimento de sinais/sintomas. Deixá-los p/se virarem dificulta esta avaliação”, escreveu.
Ele também ironizou a declaração do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro sobre os custos da operação e também sua declaração de que a retirada dos brasileiros trarias riscos. “Despreza a vida das pessoas e a vigilância em saúde”, acusou Padilha.
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