Contra o desmonte do Ministério da Cultura e das políticas desenvolvidas pelos ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, artistas, produtores, servidores e ativistas da cultura realizaram na terça-feira (10), um abraçasso ao prédio do ministério na Esplanada , em Brasília. O ato simbólico contou também com a participação de conselheiros que tomaram posse à noite no Conselho Nacional de Política Cultural.
Os manifestantes presentes reivindicavam a estrutura institucional que a pasta conquistou durante anos de gestão do governo petista. Inspirado nos recentes movimentos contra o golpe e de denúncia aos abusos da Constituição Federal, Cacá Machado, músico e produtor, vê a extinção do MinC como um afronte aos direitos do cidadão e afirma que a pasta é também conquista importante da sociedade desde a redemocratização do país, em 1985.
Com roda de música e dança, artistas cantaram e fizeram uma ciranda na porta do prédio. “Isso daqui é uma demonstração de afeto, que nós, criadores, sabemos fazer para mostrar a importância que é ter dentro da Esplanada dos Ministérios essa placa com o nome do Ministério da Cultura demarcando um locus institucional”, conta Cacá.
Gestores públicos do setor também participaram do ato. Para Maria Mariguela, atual Coordenadora de teatro do Centro de Artes Cênicas da Funarte, “defender o Ministério da Cultura é defender um desenvolvimento civilizatório que protege os direitos progressistas de toda a população. Ou seja, defender o MinC é defender a população negra, a população indígena, a juventude, as mulheres e a arte como um processo civilizatório, simbólico de soberania popular nacional. Defender o MinC é pensar uma sociedade do futuro, que pensa o desenvolvimento a partir do bem viver”. Sobre a possível fusão, comenta que embora sejam temas irmãos, não podem conviver pois não se pode admitir tirar a cultura do seu status de centralidade do desenvolvimento de uma nação. “Uma nação soberana não se desenvolve sem a presença forte da cultura”.
Ex-diretor de Teatro da Funarte e atual conselheiro de artes cênicas, Marcelo Bones afirma que o MinC não é uma conquista de um estado ou de um partido, é uma conquista da nação brasileira, é um patrimônio que não pode ser colocado em risco e anuncia que os artistas e a sociedade cultural brasileira não concordará de forma nenhuma com a fusão, extinção ou migração do Ministério da Cultura.
“Aqueles que estão dando um golpe no Brasil já avisaram que querem extinguir o MinC como se ele fosse simplesmente um órgão público, mas ele é muito mais que isso, ele tem um papel fundamental na sociedade brasileira, ele é do Estado e não do governo, não dos partidos”, completa.
Durante as mobilizações contra o golpe por todo Brasil, a cultura teve papel fundamental em atos e manifestações. Além da participação de artistas em atos políticos como Letícia Sabatela, Chico Buarque, Wagner Moura, Margareth Menezez, Tico Santa Cruz, Chico Sá, Zé Celso, entre dezenas de outros, foram realizados atos do teatro, blocos de carnaval, música, funkeiros e cinema contra o golpe, além de um grande ato da cultura que contou com mais de 5 mil pessoas na Fundição Progresso no dia 8 de abril.
Por Mídia Ninja