Consumo exagerado e errado de antibióticos vira caso de saúde pública

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Foto: Luis Macedo/Agência Câmara

O uso exacerbado e errado de antibióticos resultou no aparecimento das chamadas bactérias multirresistentes. E, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 60% das pessoas que adquirem uma bactéria multirresistente morrem. A situação virou um caso de saúde pública não só no Brasil, mas em todo mundo. Para debater a regulamentação e o controle do uso indiscriminado de antibióticos a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara fez, nesta quinta-feira (29) uma audiência pública. O debate foi solicitado pelo deputado Amauri Teixeira (PT-BA) que também preside a CSSF.

Amauri Teixeira lembrou que os antibióticos são usados até em comidas e bebidas, como no recente caso do uso da substância em alguns vinhos produzidos no Rio Grande do Sul. O deputado também citou o uso de antibióticos em alimentos processados, como hambúrgueres.

“Estamos ingerindo antibióticos sem saber, isso sem falar no problema da automedicação e o uso de doses inadequadas que acabam gerando as bactérias superresistentes. E, dessa forma, o organismo vai se tornando cada vez mais vulnerável e são necessárias doses cada vez maiores para combater doenças”, ressaltou. Para ajudar a mudar essa situação o deputado informou que um projeto de lei de sua autoria prevê que a transformação das farmácias em estabelecimentos de saúde e não apenas estabelecimentos comerciais.

 “Algumas são semelhantes a supermercados com táticas de estímulo ao consumo. E também precisamos de campanhas educativas envolvendo até as escolas nessa discussão”, concluiu.

Márcia Gonçalves de Oliveira, gerente de farmacovigilância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), explicou a normatização do consumo através na RDC 20/2011, que controla  a venda e uso de medicamentos antimicrobianos associados ou não a outros remédios.

 “Criamos um mecanismo de controle e monitoramento. Agora, a farmácia deve mandar para a Anvisa, em até sete dias, os dados sobre a venda de antibióticos como idade e sexo do consumidor e qual tipo do medicamento foi vendido. Assim, queremos diminuir a automedicação , a redução dos casos de resistência bacteriana, o monitoramento sanitário e fortalecimento da conscientização do uso correto, que é o grande desafio”, afirmou Márcia.

A técnica destacou ainda que 2/3 dos antibióticos usados no país não têm prescrição médica. As infecções causam 25% das mortes no mundo em 45 % dos países menos desenvolvidos, e que mais de 50% das prescrições de antibióticos são inadequadas.  Ela informou uma queda na comercialização desses medicamentos desde a implantação das novas normas.  De junho de 2010, com 61 milhões de receitas, passou para 52 milhões de receitas em junho de 2013.

Para o assessor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Jorge Santos da Costa, o uso indiscriminado de antibióticos é um problema mundial que tem provocado esforço da indústria farmacêutica para criar uma nova geração de antibióticos para combater bactérias superresistentes.

“Doenças comuns  estão assumindo uma gravidade muito grande, como a tuberculose. E o Brasil não fabrica nenhum tipo de antibiótico, temos que retomar a produção de antibióticos”, sugeriu.

Todos que participaram da audiência pública apontaram a necessidade de campanhas junto à população para alertar sobre o uso exagerado e errado,  não só de antibióticos, mas também de antidepressivos.

Assessoria CSSF

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