“O representante da empresa não conseguiu esclarecer todas as dúvidas. Por isso um dos encaminhamentos é averiguar como ocorre o envasamento de produto de limpeza ao invés da bebida de soja”, explicou Chagas. Segundo ele, o vice-presidente da Unilever do Brasil, Newmam Debs, também não conseguiu convencer os membros da comissão sobre a segurança no processo de fabricação do produto.
“Houve um erro estatístico, uma vez que segundo o próprio representante da empresa, o controle de qualidade é feito por amostragem”, observou Francisco Chagas. O lote contaminado foi distribuído nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Das 96 embalagens do suco AdeS sabor maçã, 46 foram localizadas.
Outro ponto grave, na opinião de Chagas, foi a demora da empresa em informar o fato aos órgãos governamentais. “A Unilever deveria ter informado imediatamente à Vigilância Sanitária local, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aos Procons, e às secretarias de saúde municipal e estadual, o que não aconteceu”, destaca. Durante a audiência, o Diretor de Controle e Monitoramento Sanitário da Anvisa, José Agenor da Silva, afirmou que tomou conhecimento do fato pela imprensa.
“A fabricação do lote contaminado ocorreu no dia 25 de fevereiro, mas apenas no dia 14 de março soubemos do fato pela imprensa que, por sua vez, foi alertada por consumidores. No mesmo dia solicitamos informações a Unilever”, explicou o diretor. Tão logo confirmada à contaminação, José da Silva disse que o órgão emitiu um comunicado a todas as unidades de vigilância sanitária do país “para localizar os produtos nos estados apontados pela empresa e recolher o lote contaminado”, ressaltou.
Precaução– Toda a produção da linha de produtos AdeS da unidade fabril de Pouso Alegre estão suspensas. O diretor da Anvisa informou que o órgão espera apenas o relatório da secretaria de saúde do município e do estado de MG para tomar as medidas punitivas à empresa. Segundo ele, a multa nesse caso pode chegar a R$ 6 milhões.
Defesa- O vice-presidente da Unilever, Newmam Debs, defendeu a empresa ao dizer que este “foi um fato isolado” nos 15 anos de funcionamento da unidade em Pouso Alegre. Ele disse ainda que a empresa tomou medidas para evitar novas contaminações como a “intensificação do treinamento de funcionários, revisão dos softwares do maquinário, e aumento no número de amostras para verificar a qualidade dos produtos”.
Héber Carvalho