A crescente onda de violência no campo no estado do Pará, na avaliação dos deputados Cláudio Puty (PT-PA) e Miriquinho Batista (PT-PA) pode estar relacionada à forte ligação política do atual governador do estado, Simão Jatene (PSDB), com o latifúndio improdutivo da região. Segundo os dois parlamentares, nas três vezes em que Jatene esteve no poder no Pará, incluindo o atual mandato, houve um agravamento considerável dos conflitos no campo no estado, com assassinatos de defensores da florestas e dirigentes de movimentos sociais.
Simão Jatene era governador do Pará em 2005 quando a missionária Dorothy Stang foi assassinada em Anapu, e era vice em 1996, durante o massacre de Eldorado do Carajás, no qual 19 sem-terra morreram em confronto. “É um governo firmemente comprometido com latifúndio improdutivo. Isso gera um espiral de violência no campo, porque os agentes de conflito — os grandes fazendeiros, madeireiros e os grileiros — interpretam a gestão tucana no Pará como um governo conivente com atentados aos direitos humanos. Com tudo isso, é normal que haja aumento da violência”, denunciou Puty.
A própria composição do governo de Jatene, informou Puty, inclui personagens que também estão associados à violação dos direitos humanos, à exemplo do secretário de Estado de Projetos Estratégicos do Pará, Sidney Rosa, que é réu em um processo de uso de mão de obras escrava. “A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) já pediu o afastamento de Sidney Rosa da secretária, mas se quer obteve resposta do governo do Pará. Também integra o governo de Jatene o presidente do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Carlos Lamarão, que tem feito declarações públicas contrárias à reforma agrária. Isso não é mera coincidência”, alertou o parlamentar.
Conivência – Para o deputado Miriquinho, a relação do aumento da violência no campo no Estado com a posse do governador Jatene em 2011, é clara. O petista lembra que entre 2007 e 2010, durante o governo da petista Ana Júlia Carepa, houve uma grande redução nos índices de violência na região.
“Diferentemente do governo do PSDB, o nosso governo tinha muito mais comprometimento com os temas relacionados à regularização fundiária, à reforma agrária e ao extrativismo no Pará. Neste governo tucano, até mesmo uma ação de reintegração de posse vira um verdadeiro massacre. Isso mostra que a relação do governador Jatene não é com os pequenos agricultores e camponeses, mas sim, com o latifúndio”, afirmou Miriquinho. O parlamentar reclamou ainda do baixo volume de investimentos em segurança pública no Pará.
Edmilson Freitas
