Com Temer e Bolsonaro, peso dos salários no PIB caiu de 44,7% para 39,2% de 2016 a 2021

Com aumento constante da renda do trabalhador, o governo Lula recupera perdas dos períodos Temer e Bolsonaro Foto: Divulgação

Para reverter esse retrocesso, governo Lula adotou medidas que aumentaram a renda dos trabalhadores em 7,2% em 2023;

De 2016, ano do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a 2021, durante o governo Jair Bolsonaro, o peso dos salários e contribuições dos trabalhadores no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro despencou do pico de 44,7% para 39,2%, enquanto a participação dos negócios e outros ganhos aumentou ainda mais. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta a queda da renda do trabalho entre os principais motivos para o índice ficar abaixo de 40%, o que afastou o Brasil do perfil das economias mais desenvolvidas e evidenciou a alta desigualdade.

O assunto ganhou destaque, nesta segunda-feira (5), em matéria do jornal O Globo. O texto informa que, segundo o PIB medido pelo IBGE pela ótica da renda (que divide a economia entre capital e trabalho), esse percentual chegou a 39,2% em 2021 (último dado disponível), o menor desde 2004.

Na outra ponta, o excedente operacional bruto, que corresponde ao lucro das empresas, fez movimento contrário. Passou de 32,1% em 2015 para 37,5% do PIB em 2021, maior fatia da série histórica, iniciada em 2000.

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Segundo economistas ouvidos pelo jornal, três fatores contribuíram para essa tendência: queda da renda do trabalho; redução de vagas e aumento dos lucros com digitalização e automação; e “pejotização” (mais empregados contratados como pessoa jurídica em vez de carteira assinada), o que faz o rendimento do trabalho ser considerado lucro de empresa.

“Há duas maneiras de ver a desigualdade: do ponto de vista da renda pessoal e dessa distribuição funcional da renda, entre capital e trabalho. Nessa medida não conseguimos identificar a desigualdade entre os trabalhadores, mas vemos que há mais renda apropriada pelo capital e menos pelos trabalhadores”, explica Kátia Namir, gerente de Renda e Investimento de Contas Nacionais do IBGE, em entrevista para a matéria.

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Margarida Gutierrez, professora do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chama a atenção para o forte investimento em capital que foi feito, nos últimos anos, pelo setor de serviços. O setor que mais emprega acelerou a informatização, aumentando os lucros. “Com o avanço da Tecnologia de Informação (TI), as plataformas de comercialização (como lojas on-line), houve um aumento do volume de capital no setor de serviços”, analisa a docente..

Parcela é de 53,8% nos EUA

Estatísticas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as economias mais avançadas, mostram que os países mais desenvolvidos têm participação da remuneração dos empregados mais próxima de 50% do PIB. É de 48,2% na Zona do Euro, na União Europeia, chega a 53,8% nos Estados Unidos e a 50,6% no Reino Unido.

Já nos países em desenvolvimento, essa parcela cai bastante, abaixo dos 40%. Fica em 37% no Chile, 34% na Colômbia e 26,9% no México.

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Poder de compra

Fernando Montero, economista-chefe da Tullett Prebon Brasil, destaca que, após os salários terem sofrido “perdas atrozes” nos últimos anos, houve, em 2023, primeiro ano do governo Lula, um aumento de 7,2% na renda média real habitual das pessoas empregadas, na comparação com 2022 – nesse período, o valor saltou de R$ 2.780,00 para R$ 2.979,00. Segundo o IBGE, foi a variação anual mais expressiva da série histórica, iniciada em 2012.

A recuperação da renda das pessoas empregadas, citada pelo especialista, é resultado de uma série de medidas adotadas pelo governo Lula nesse sentido, a exemplo da retomada do aumento real do salário mínimo, que voltou a ser corrigido tanto pela inflação quanto pelo crescimento do PIB – essa política havia sido abandonada pelos pelos governos Temer e Bolsonaro.

No ano passado, 77% dos acordos coletivos foram fechados com reajustes salariais acima do INPC, índice do IBGE utilizado como referência nas negociações, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Outros 17,3% tiveram reajustes equivalentes à inflação, enquanto 5,7% ficaram abaixo do INPC acumulado na data-base. A variação média em 2023 foi de 1,11% acima do INPC-IBGE, que, no acumulado do ano, ficou em 3,71%.

Segundo o IBGE, a recuperação da renda do trabalho se deve a crescimentos significativos tanto na população ocupada em geral quanto na empregada com carteira assinada. O Instituto observa que os trabalhadores formalizados tendem a ter salários mais altos do que os informais, o que impacta positivamente na renda total do trabalho.

Ainda conforme o IBGE, o aumento na renda média contribuiu para um crescimento na massa de rendimentos real habitualmente recebida pelos trabalhadores brasileiros em todos os setores do mercado. Em 2023, essa massa atingiu o valor recorde de R$ 301,602 bilhões.

Da Redação da Agência PT

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