Com governos progressistas, AL tem atração recorde de investimentos

PedroEugenio_BerzoiniO investimento direto estrangeiro (IDE) na América Latina teve um crescimento impressionante no primeiro semestre de 2011, com um aumento de 54% em comparação com o mesmo período no ano passado.

Isso ocorreu a despeito da incerteza crescente sobre a situação econômica global, a crise das dívidas soberanas na Europa e a maior volatilidade do mercado financeiro.

Na análise dos deputados Pedro Eugênio (PT-PE) e Ricardo Berzoini (PT-SP), o crescimento dos investimentos ocorre graças aos governos de esquerda e progressistas que nos últimos anos romperam com as políticas neoliberais que prevaleceram na região até recentemente. “Os dados mostram que o IDE aumenta num processo que coincide com profunda crise econômica de países que ainda seguem o receituário neoliberal, como Grécia, Espanha e Portugal”, comentou Pedro Eugênio.

Ricardo Berzoini observou que a aposta na capacidade do Estado como elemento dinamizador da economia – como ocorreu no Brasil a partir de 2003, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – superou todas as expectativas. “A percepção dos investidores é de que temos condições de manter o crescimento em bases sustentáveis. Brasil e Argentina , na América do Sul, lideram um processo de consolidação de um mercado regional ampliado e forte, mas também são bases exportadoras para outras regiões do planeta, graças a uma série de condições que lhe dão competitividade”, disse. ” O importante é que a região está atraindo investimentos produtivos, que geram emprego e renda”.

Para Pedro Eugênio, América do Sul deixa a lição de que é importante incentivar os investimentos produtivos. “A presente crise do capitalismo mundial é mais acentuada onde se privilegia o capital financeiro, especulativo, em detrimento do produtivo”. Ele alertou que esse desvio é o principal elemento que ameaça o equilíbrio da economia mundial. “O Brasil, felizmente, ao romper com o legado de FHC (1995-2002), adquiriu musculatura para enfrentar a crise mundial iniciada em 2008 e com repique nos dias atuais”.

INTERESSES NACIONAIS – Para os dois parlamentares petistas, o Brasil criou condições – primeiro com Lula, agora com a presidenta Dilma Rousseff – de fortalecer o mercado interno e , ao mesmo tempo, distribuir renda e gerar emprego. ” O acerto principal foi romper com as amarras do neoliberalismo”, disse Berzoini. ” “O receituário do Consenso de Washington não serve aos interesses nacionais, mas sim, ao capital financeiro”, completou Pedro Eugênio.

A maior porcentagem de IDE nos seis primeiros meses de 2011 foi registrada em El Salvador (1.404%) e na Venezuela (464%), mas tais aumentos se deram em bases muito baixas. O Brasil viu o terceiro maior salto de porcentagem (157%, mensurado no período janeiro-agosto). Em termos de volume, o influxo no Brasil, de US$ 44,1 bilhão, apequenou os demais registrados nos outros 17 países monitorados pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEALC) da ONU. Para a região como um todo, se as tendências atuais se mantiverem, a CEALC prevê um influxo recorde de IDE para o ano inteiro de 2011.

O relativo poder de atração da América Latina é ainda mais claro no Brasil. O PIB do ‘” cresceu 7,5% em 2010, embora a taxa tenha desacelerado substancialmente este ano. Além de ser o maior mercado na América Latina, o Brasil também é o sétimo maior do mundo. O governo espera que ele se torne a quinta maior economia em 2025. Os fluxos de IDE abrangem novas contribuições de capital, assim como um aumento vertiginoso em empréstimos de companhias controladoras para suas subsidiárias locais. (No Brasil, a tendência de crescimento robusto continuou em setembro, com os números mais recentes do governo atingindo surpreendentes US$ 6,3 bilhões de novo IDE no mês, produzindo um total cumulativo até este momento do ano de US$ 50,5 bilhões.)

Enquanto o Brasil vem atraindo investimentos em vários setores econômicos nos últimos anos, países com economia mais baseada em recursos naturais, sobretudo mineração e hidrocarbonetos, registram aumento nos fluxos estrangeiros concentrados nesses setores. Tais países incluem o Peru, a Colômbia e a República Dominicana..

Para a maioria dos países na região, os influxos são um voto de confiança em seu desempenho macroeconômico e potencial de crescimento. A América Latina está relativamente a salvo das crises de endividamente que assolam a Europa, embora a região não esteja totalmente imune a quedas decorrentes do crescimento mais lento no exterior e a uma potencial recessão global. No entanto, atualmente nenhum país importante da América Latina deve passar por uma nova recessão ou crise financeira nos próximos cinco anos, segundo previsões da Unidade de Inteligência da revista inglesa The Economist.

A CEALC também relata investimento estrangeiro feito por países latino-americanos, um fenômeno crescente nos últimos anos, com a ascensão das chamadas multilatinas (empresas multinacionais emergentes baseadas na região). Porém, no total esses fluxos externos diminuíram 124% no primeiro semestre de 2011 em relação aos níveis do ano anterior. No caso do México, o maior investidor externo da América Latina em 2010, com US$ 9,5 bilhões, os investimentos recuaram para meros US$ 926 milhões no mesmo período este ano.

Equipe Informes, com Carta Capital/ The Economist

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