Com Bolsonaro, investimentos chineses no Brasil caíram em 2020

Foto: Agência PT

Os investimentos diretos da China no Brasil caíram 74% em 2020, para US$ 1,9 bilhão. Foi o menor valor anual desde 2014, conforme estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Segundo o levantamento, que cobre o período de 2007 a 2020, os aportes chineses no país acumularam US$ 66,1 bilhões (R$ 343,2 bilhões), em 176 projetos.

Nesse período, o Brasil ficou com 47% dos investimentos totais da China na América do Sul. Em 2019, eles atingiram US$ 7,3 bilhões, com crescimento de 117% em relação a 2018. Já no ano passado, o volume recuou para US$ 1,9 bilhão, com queda de 74%.

Conforme o estudo, divulgado em 5 de agosto, os investimentos chineses no Brasil são concentrados nos setores elétrico (com 48% do total de 2007 a 2020) e petrolífero (com 28% do total). Também são feitos majoritariamente por 16 empresas estatais centrais – diretamente subordinadas ao Conselho de Estado da China – que responderam por 82% dos investimentos acumulados no Brasil de 2007 a 2020.

Brasil e China estabeleceram relações diplomáticas em 15 de agosto de 1974, durante o governo do general Ernesto Geisel, contrariando a “linha dura” da época. Com disso, em plena vigência da guerra fria, a medida contribuiu para aprofundar as relações comerciais que culminaram durante dos governos Lula e Dilma. E também na formação do BRICS, com Rússia, Índia e África do Sul.

No setor elétrico, um dos destaques é a State Grid – que levou, em leilões de concessão, a operação de grandes linhas de transmissão, como as que conectam a hidrelétrica de Belo Monte, e adquiriu o controle da CPFL. Outro é a China Three Gorges (CTG) – dona da hidrelétrica chinesa de mesmo nome e maior geradora privada de energia no Brasil. Segundo o CEBC, a maioria dos ativos dessas duas estatais fora da China está no Brasil.

No setor de petróleo, estão no Brasil a China Petrochemical Corporation (Sinopec), a China National Petroleum Corporation (CNPC), a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e a Sinochem. Elas têm investido principalmente em consórcios com a Petrobras para explorar campos de petróleo e gás na camada pré-sal.

Segundo o diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC, Tulio Cariello, a concentração dos valores investidos nos setores elétrico e petrolífero está relacionada ao fato de que eles são intensivos em capital. Além disso, comparados a outros setores igualmente intensivos em capital, como transportes e logística, estão mais abertos a investimentos estrangeiros, em termos regulatórios e de oportunidades.

Por outro lado, a análise por número de projetos sugere que a concentração é menor, ponderou o diretor do CEBC. Dos 176 projetos com investimento chinês de 2007 a 2020, 31% são do setor elétrico, enquanto 28% são da indústria manufatureira.

São empreendimentos nos setores automotivo, eletroeletrônico, químico e de máquinas e equipamentos. Em valores, respondem por apenas 6% dos investimentos de 2007 a 2020, pois comprar ou construir uma fábrica é mais barato do que tirar do papel grandes obras de infraestrutura.

Também com valores relativamente menores, o setor de tecnologia da informação (TI) respondeu por 7% dos projetos registrados pelo CEBC em 14 anos. Entre os negócios mais conhecidos estão a compra do controle do aplicativo de táxis brasileiro 99 pela Didi Chuxing e o investimento da Tencent, dona do app de mensagens WeChat, no Nubank.

Em relação à forma de ingresso dos investimentos, 70% dos aportes de 2007 a 2020 se deram por meio de fusões e aquisições. Embora, tradicionalmente, esses investimentos movimentem menos a economia, já que não constroem ativos do zero, Cariello lembrou que muitas das empresas compradas pelos chineses estavam em dificuldades.

Segundo dados da Rede Acadêmica da América Latina e do Caribe sobre China (Rede ALC-China), citados pelo estudo, investimentos chineses em novos projetos no Brasil geraram 34,5 mil empregos de 2003 a 2020. Enquanto isso, as aquisições de investidores chineses teriam mantido um total de 140,4 mil postos de trabalho no país.

Investimentos estrangeiros diretos sofreram queda recorde

“Em 2020, a queda (nos investimentos estrangeiros) foi sentida de forma geral no mundo”, afirmou o diretor de Conteúdo e Pesquisa do CEBC, Tulio Cariello. Os investimentos mundiais da China, que chegaram a US$ 170 bilhões em 2016, recuaram para US$ 110 bilhões no ano passado.

No ano passado, os investimentos diretos no País (IDP), de todas as origens, tombaram à metade, para US$ 34,167 bilhões, conforme dados do Banco Central (BC). Ao mesmo tempo, o fluxo global de investimentos caiu 35% ante 2019, para US$ 1 trilhão, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Já os investimentos estrangeiros diretos (IED) atingiram o pior patamar dos últimos 12 anos no Brasil, tendo registrado valores inferiores aos da crise financeira internacional, em 2008. O aporte de capital estrangeiro diminuiu 35,4% no ano passado, em comparação com 2019. Em valores absolutos, a porcentagem representa uma queda aproximada de US$ 24 bilhões nos investimentos externos.

Os números fazem parte do relatório anual O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e no Caribe 2021, também divulgado na última quinta-feira, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ligada às Nações Unidas.

“O que a região tem de fazer para encarar um profundo processo de transformação? Explicitar planos estratégicos de recuperação e de investimento associados a setores dinâmicos para um grande impulso ambiental. Se não fizermos isso, o investimento estrangeiro direto irá para a Europa, a América do Norte e alguns países da Ásia”, afirmou a secretária-executiva da organização, Alicia Bárcena, em coletiva virtual.

“Os investimentos das transnacionais foram reduzidos e está se aprofundando a tendência dos investidores de ir para os países desenvolvidos. Os países desenvolvidos enviaram sinais muito claros de investimentos públicos que irão para setores estratégicos como infraestrutura, energia e sustentabilidade ambiental”, concluiu.

Um terço das exportações brasileiras foi para a China em 2020

Principal destino das exportações brasileiras, a participação chinesa em tudo que o país vende ao exterior avançou quatro pontos porcentuais em 2020. A parcela subiu de pouco mais de um quarto para um terço das exportações, batendo em 32,3%. Enquanto os chineses ganharam terreno, as exportações para os Estados Unidos caíram 27,6%.

“Apesar dos atritos com o Brasil, a China é pragmática e se planeja para o longo prazo. Eles sabem que, da mesma forma que Trump passou, Bolsonaro também vai passar”, diz Welber Barral, estrategista do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior.

Os chineses sonham com a volta dos anos de Governo Lula, quando o estreitamento das relações diplomáticas levou a China a se tornar o maior parceiro comercial do Brasil em 2009, mesmo após a crise mundial de 2008.

O primeiro passo para a aproximação com a China ocorreu em 2004, durante a comemoração do aniversário de 30 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Lula visitou a China e assinou com o presidente chinês Hu Jintao diversos documentos para fortalecer a cooperação bilateral.

Em novembro do mesmo ano, Hu Jintao retribuiu a visita vindo ao Brasil. O governo brasileiro decidiu conceder à China o status de economia de mercado, sob fortes protestos do empresariado brasileiro, em particular da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Ainda em 2004, também foi fundado o Conselho Empresarial Brasil-China, dedicado ao diálogo entre empresas dos dois países.

Lula voltou à China em 2008, para participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, e em maio de 2009, quando a China superou os Estados Unidos e se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. No ano seguinte, Hu Jintao participou na II Cúpula do BRICS, em Brasília. Em 2010 ocorreu ainda a reunião do foro bilateral ‘Brasil-China: Estratégias de Cooperação e Integração’, no Rio de Janeiro.

Em 2012, já sob Dilma Rousseff, as relações foram elevadas ao nível de “Parceria Estratégica Global”. No mesmo ano, estabeleceu-se o Diálogo Estratégico Global (DEG) e firmou-se o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021). Os países fundaram conjuntamente o grupo BRICS, o Novo Banco de Desenvolvimento e o Arranjo Contingente de Reservas.

Em 2015, Dilma e Li Keqiang, primeiro ministro chinês, celebraram acordos que envolveram US$ 53 bilhões em investimentos e US$ 50 bilhões em financiamentos em obras de infraestrutura. Além de um fundo bilateral de cooperação, de US$ 20 bilhões.

De US$ 3,2 bilhões em 2001, a corrente de comércio Brasil-China passou para US$ 98 bilhões em 2019 (volume quase igual ao recorde alcançado no ano anterior, de US$ 98,9 bilhões). Em 2019, o Brasil exportou para a China um total de US$ 62,8 bilhões e importou US$ 35,2 bilhões. Em 2018, os montantes foram de US$ 64,2 bilhões e US$ 34,7 bilhões.

Redação da Agência PT

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100