CNTE: “Proposta de cobrar pela universidade pública é uma aberração”

Agência Senado

O presidente da Central Nacional dos Trabalhadores da Educação, Heleno Araújo, mostra que o governo Bolsonaro não deixou, em nenhum momento, de atacar o ensino superior público

Jair Bolsonaro até tenta posar de defensor da educação, ao abater as dívidas de jovens com o Fies (ideia, alíás, que ele tirou de Lula). Porém, tudo o que seu governo faz é atacar o ensino público, os estudantes e os profissionais do magistério.

Foi o que mostrou, nesta quarta-feira (25), em entrevista ao Jornal PT Brasil, o presidente da Central Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo. “Bolsonaro faz movimentos voltados para o processo eleitoral. Isso é claro. Mas seus apoiadores atacam a educação brasileira”, denunciou (assista à integra no fim desta matéria).

Araújo lembrou que, nos últimos dias, a educação sofreu um ataque brutal em duas frentes: a aprovação, na Câmara, do ensino domiciliar (homeschooling), e a tentativa, esta barrada pela oposição, de cobrar mensalidades nas universidade públicas.

Sobre a proposta de cobrança nas universidades, Araújo lembrou que os ataques do governo às instituições de ensino superior nunca pararam. Vão do corte de verbas à tentativa de censurar reitores, passando por declarações feitas por ministros de que as universidades têm que ser para poucos.

“E, agora, esse ataque de fazer com que nossa juventude tenha que pagar mensalidades nas universidades públicas. A justificativa dessa PEC traz aberrações e contradições terríveis. Diz que cobrar mensalidades na universidade pública é para diminuir as desigualdades sociais. Não dá para entender. Como é que você vai cobrar mensalidade na universidade pública e dizer que isso vai diminuir as desigualdades sociais?”, questionou.

Heleno Araújo ainda observou que a proposta bolsonarista estabelecia como parcela mínima 50% do que é cobrado pelas universidades privadas mais caras. “É um absurdo”, indignou-se.

Educação domiciliar privatiza ensino

Sobre a educação domiciliar, o especialista chamou a atenção para o fato de que se trata de mais um movimento de privatizar recursos da educação pública. “Se essa educação domiciliar for aplicada em nosso país, o passo seguinte das famílias que têm dinheiro para ficar com seus filhos em casa, será buscar o dinheiro do Fundeb, que é um dinheiro público, para a escola pública. Com certeza, elas vão usar o argumento de que, se o seu filho não está na escola, esse recurso deve ser repassado para a família”, alertou.

Por fim, Araújo fez um apelo para que a juventude não se deixe enganar por medidas eleitoreiras. “O governo faz esse movimento do perdão da dívida, mas é importante que a juventude entenda que a base de Bolsonaro está nos atacando. É importante a gente verificar essas contradições para a gente não dar espaço para este governo criminoso”.

Ele lembrou que, depois do golpe contra Dilma Rousseff, a aprovação do teto de gastos, defendido por Bolsonaro, reduz ano a ano o orçamento da educação. “O orçamento previsto para 2022 é menor do que foi executado em 2015”, informou.

“Nós sentimos na pele a diferença dos governos. Com o governo Lula, tivemos expansão das universidades públicas pelo interior do nosso país, dos institutos federais, do número de matrículas no ensino superior e na educação profissional. Nós tivemos um processo de participação maior com as cotas. E o que sofremos desde o começo do governo Bolsonaro é um ataque”, observou.

Redação da Agência PT

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