Mais de dois mil trabalhadores das redes estaduais e municipais de ensino do país estarão em Brasília entre os dias 16 e 19 de janeiro para participar do 32º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
O encontro tem como tema “Educação, Desenvolvimento e Inclusão Social” e, além de definir a próxima direção, apontará um plano de lutas da categoria para os próximos três anos.
Atual presidente da confederação e candidato à reeleição, Roberto Franklin de Leão, explica que os debates tratarão do papel do educador para construir um modelo de desenvolvimento mais justo e igualitário e que deve partir da valorização dos trabalhadores.
“Queremos reafirmar, principalmente, a questão do piso salarial e aproveitaremos para agendar uma atividade em Brasília, provavelmente em março, quando nos manifestarmos contra o baixo aumento que o governo federal deu ao piso nacional do magistério”, aponta.
Segundo a CNTE, os estados e municípios receberam, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), muito mais do que os 8,32% oferecidos de reajuste aos trabalhadores.
“Pelos dados da Receita Federal, já foram repassados R$ 117 bilhões e o percentual que ficou para nós corresponde a R$ 111 bilhões. As contas não batem e a categoria ficou revoltada porque isso joga contra o princípio da valorização do professor”, critica Leão.
De acordo com o dirigente, a CNTE também discutirá o apoio ao formato original do Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita no Congresso desde 2010, e sofreu retrocessos ao passar pelo Senado.
“O projeto que queremos é o que estava na Câmara e traz conquistas fundamentais como 10% do PIB para a educação pública. Ao tirar o termo “pública” do texto, o Senado contribui para outras interpretações, de acordo com os interesses de cada governo”, comenta.
Outro ponto importante do PNE, cita Leão, é a equiparação do salário médio dos professores com os dos demais profissionais do serviço público que tenham a mesma formação profissional. Atualmente, indica, os trabalhadores do setor recebem cerca 60%.do que ganham os servidores com a mesma escolaridade.
Ainda segundo Franklin Leão, as eleições deste ano também estarão na pauta da CNTE, assim como a necessidade de ampliar o investimento no setor.
Secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, ressalta que, mesmo se cumprida a Lei do Piso e os critérios de atualização do valor, compromissos que alguns governadores e parlamentares tentaram driblar, o valor ainda é muito baixo – R$ 1.697,37 –, fator que torna a carreira pouco atrativa para os jovens.
“Apesar da importância que têm para a formação de toda a sociedade, a profissão não é estimulante. Nenhum país consegue se desenvolver sem uma qualidade de ensino e sem professor qualificado, bem formado e com salário digno. Quando você tem um plano de carreira e um piso decente, você estimula os jovens a seguirem a profissão. Acredito que o Brasil está no caminho certo, mas de maneira muito lenta. Se não houver aumento considerável de recursos, valorização da categoria e aprovação do Plano Nacional de Educação, o Brasil continuará crescendo, mas não criará cientistas, pesquisadores, gente que representa a base do desenvolvimento”, define.
O evento está sendo realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil (SCES – Setor de Clubes Sul, Trecho 2, Conj. 63, Lt. 50).
CUT Nacional