Chinaglia e Paulão: “Propor ajuste fiscal e capitalização da Previdência em plena pandemia é política genocida”

Os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP) e Paulão (AL) criticaram o ministro da Economia, Paulo Guedes, pelas recentes declarações dadas por ele em defesa do aprofundamento do ajuste fiscal e da implantação do regime de capitalização na Previdência, justo no atual momento de crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, que já matou mais de 74 mil brasileiros. Durante pronunciamentos na sessão remota da Câmara, na quarta-feira (15), os parlamentares afirmaram que priorizar o interesse do mercado e não as necessidades do povo – principalmente neste momento – é a confirmação de que está em curso no País uma “política genocida” comandada pelo ministro da Economia e pelo restante do governo Bolsonaro.

De acordo com Arlindo Chinaglia, até mesmo parlamentares e economistas liberais reconhecem que na atual crise o Estado tem um papel importante a desempenhar. Porém, segundo o petista, Paulo Guedes adota um “liberalismo primitivo”, que não percebe a importância do Estado para o País. “O Guedes, em plena pandemia, pensa em ajuste fiscal. Ele não apresenta proposta alguma de desenvolvimento do País”, criticou Chinaglia.

Capitalização e mais retrocessos

Ao também criticar o ministro da Economia, o deputado Paulão lembrou durante seu discurso de recente declaração dada por Paulo Guedes do ministro da Economia defendendo o regime de capitalização da Previdência. O parlamentar alagoano lembrou que, mesmo depois da aprovação da Reforma da Previdência, que trouxe prejuízo a quase todos os trabalhadores, “com exceção das Forças Armadas”, Guedes ainda não se conformou de ter sido derrotado na implantação do regime de Previdência defendido pelo mercado financeiro.

“Na realidade, o sonho do Paulo Guedes era implantar a capitalização, que esta Casa não aprovou, no mesmo modelo que ele aprendeu quando assessorou o ditador Pinochet, no Chile, modelo do Milton Friedman, a escola do Chicago Boys, que ele faz parte. Agora ele dá uma declaração que quer implantar, em plena pandemia, de novo, a capitalização. Ele não perdeu essa vontade, até porque ele representa os banqueiros. Na hora que tiver capitalização, destrói-se todo o sistema de Previdência pública, que é modelo para o mundo”, explicou Paulão.

O petista frisou que a adoção do modelo de capitalização “entregaria de mão beijada a maior reserva de Previdência do mundo, que está no Brasil para os maiores bancos privados do País, Santander, Itaú, Bradesco e, é claro, os bancos internacionais”.

“Ele está fazendo esse jogo, e só é comparar o que ocorreu no Chile, o nível de pauperização, depois que esse modelo foi implantado. Então, essa política do Paulo Guedes é uma política genocida. Ele tem todo o aval do Presidente Bolsonaro, que faz uma política genocida, sim”, acusou o petista.

Para Arlindo Chinaglia, a proposta da capitalização da Previdência tem um DNA autoritário, porque foi uma política implementada por Paulo Guedes no Chile, sem debate popular, e em plena ditadura Pinochet. Segundo ele, esse tipo de política antipovo só prospera em um ambiente político antidemocrático, e “levou à quebra da previdência no Chile, onde os aposentados receberem 30% do salário mínimo naquele país, e desde o ano passado tem levado milhares de pessoas às ruas nas maiores manifestação de massa no Chile”.

O parlamentar lembrou ainda que nessas manifestações mais de 300 pessoas ficaram cegas devido a tiros de bala de borracha nos olhos, “mas o povo não recuou”.

Covid-19

Além das propostas ultraliberais apresentadas por Paulo Guedes, Arlindo Chinaglia também criticou a atuação do governo Bolsonaro na condução da crise causada pela pandemia da Covid-19. Segundo o petista, a inoperância política e administrativa do governo é a causa do aumento no número de mortes em 10 Estados e no Distrito Federal.

“A previsão até o final deste mês é de até 90 mil mortes e 2,5 milhões de infectados. A inoperância do poder federal mata gente. Portanto, não se ofendam se amanhã forem denunciados como genocidas!”, observou.

Héber Carvalho

Fotos: Gustavo Bezerra/Arquivo

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