Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (31), o deputado Paulão (PT-AL) levantou várias questões sobre a chacina de trabalhadores rurais, quando dez pessoas, sendo nove homens e uma mulher, foram mortos em ação da Polícia Militar no município de Pau D´Arco, no sudeste do Pará. Ele analisa que várias delas ficaram sem resposta diante do ocorrido. O deputado, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, anunciou que várias entidades serão acionadas. “Não permitiremos que esta barbárie saia impune”, disse.
“ Em primeiro lugar, a versão dos policiais militares de que foram recebidos a tiros e por isso, revidaram, apesar de ter sido prontamente aceita pela Secretaria de Segurança Pública do Pará, apresenta incongruências. Como é possível que diante de um ataque com pessoas que estavam escondidas e conheciam tão bem o território, dez delas terem morrido e nenhum policial ser sequer baleado?”, questionou.
Outro ponto questionado foi sobre a empresa de segurança privada que fazia segurança da Fazenda Santa Lúcia. “Por qual motivo eles acompanhavam e prestavam apoio à operação policial? A atuação de empresas privadas em ações de segurança do Estado é um flagrante desrespeito ao Estado Democrático de Direito, e se assemelha aos mercenários pagos pelo Estado norte-americano em missões no Oriente Médio”, disse.
Paulão também questionou o fato de os corpos terem sido removidos do local dos crimes, adulterando a cena e prejudicando de forma sensível a apuração do episódio. “Qual o temor dos policiais envolvidos se tudo transcorreu na mais absoluta normalidade, na visão deles?”.
Para o deputado, ao contrário das autoridades do Estado do Pará, as entidades de Direitos Humanos e familiares das vítimas não estão satisfeitas com esta ausência de respostas e acobertamento de crimes. “Na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizaremos reuniões de trabalho com o Conselho Nacional de Direitos Humanos e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão da Procuradoria-Geral da República para propor encaminhamentos e cobrar a resolução da investigação da chacina, unindo o Parlamento, a sociedade civil e o Poder Judiciário no monitoramento da questão.
Não permitiremos que esta barbárie saia impune”, finalizou.
PT na Câmara