A revelação do ex-diretor do Departamento Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, nesta semana, fez cair a máscara de paladino da moralidade do PSDB. O tucanato sempre quis passar à população a imagem de um partido ético, que combate à corrupção. Essa fachada ruiu porque, Cerveró, em acordo de delação premiada na Operação Lava Jato afirmou que o volume maior de pagamento de propina pela Petrobras ocorreu no governo FHC (1995-2002).
À época, a Petrobras era presidida por Francisco Gros – considerado por FHC como uma pessoa de “reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária”.
No seu depoimento Cerveró revelou que houve pagamento de propina, cujo montante chegou à casa de R$ 564,1 milhões, que envolvem negócios firmados pela Petrobras e de uma de suas subsidiárias, a BR Distribuidora. O ex-diretor disse ainda que a compra da empresa petrolífera argentina Pérez Companc, pela Petrobras, em 2002, rendeu US$ 100 milhões em propina aos integrantes do PSDB. Segundo ele, esse foi um dos valores mais altos já pagos pela estatal. Sem correção, o montante se aproxima da casa de R$ 354 milhões.
Com essa revelação de Cerveró, fica claro o real motivo pelo qual a oposição liderada pelo PSDB barrasse, em fevereiro de 2015, o pedido protocolado pelo Partido dos Trabalhadores para ampliação do escopo da CPI da Petrobras para incluir o período governado por Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), ex-integrante da CPI da Petrobras que investigou irregularidades praticadas por ex-diretores da estatal a partir de 2003, a revelação de Cerveró reforça a delação premiada do ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco que admitiu que o esquema de corrupção na estatal funcionava desde a década de 1990.
“O ex-diretor Barusco também assumiu que, desde 1997, existia o esquema de corrupção na Petrobras. Essas delações revelam que o que tem acontecido nesse processo é uma seletividade por parte do Juiz Moro e de uma parcela da Polícia Federal e do Ministério Público em apurar irregularidades apenas nos governos do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, livrando o governo FHC de investigação, exatamente onde tudo começou”, denunciou Prascidelli.
De acordo com o deputado, a declaração do Cerveró confirma o que todos já sabiam. “A corrupção na Petrobras começou bem antes do governo do ex-presidente Lula, como eles tentaram esconder. O próprio FHC, no seu livro, que é autobiográfico, assumiu que, quando presidente, havia sido comunicado da corrupção na Petrobras”, frisou Prascidelli, se referindo à confissão de FHC feita em seu livro Diários da Presidência.
PMDB – Nestor Cerveró citou ainda, em sua delação, que a aquisição de sondas também levou ao pagamento de pelo menos US$ 24 milhões (R$ 84,96 milhões) em propina. Circula entre os benificiários da “gorjeta” citados por Cerveró, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), entre outros.
Benildes Rodrigues com Agências