“Na próxima quinta (17) eu faço questão de estar presente em Brasília. Essa oitiva (da CPMI do 8 de janeiro) com Walter Delgatti é muito importante porque ele foi um dos instrumentos usados por bolsonaristas e pelo próprio Bolsonaro para o argumento de que poderia haver fraude na eleição, a possibilidade de invasão das urnas eletrônicas, base para a tese de intervenção militar e de ruptura com a democracia. Delgatti disse que recebeu dinheiro para fazer esses trabalhos”, afirmou, em entrevista ao Jornal PT Brasil desta segunda-feira (14), o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
O senador acrescentou que ainda havia a minuta do golpe para consolidar todo o processo de rompimento institucional. “Eles vão continuar ainda mais desesperados porque não conseguiram dar o golpe de Estado e praticaram um ato terrorista no dia 8 de janeiro. Não podemos negligenciar, todos os elementos levam para uma ação terrorista contra a democracia brasileira no dia 8 de janeiro”, acentuou o senador.
Sobre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal dia 2 de janeiro, Rogério Carvalho avaliou que houve conivência. “Como chefe da Polícia Militar (do DF), ele afirmou (na CPMI) que a responsabilidade era da Polícia Militar do DF. Ora, se ele era o chefe e disse que a responsabilidade era da Polícia Militar, então ele é o responsável”, ressaltou ao apontar que Torres participou ativamente da construção do golpe e de ações que atentaram contra a democracia e contra o Estado Democrático de Direito.
“Inclusive ele irresponsavelmente deixou o país na véspera de um atentado que ocorreria à sede dos Três Poderes, ele já tinha essa informação, ele mentiu pra gente, portanto ele participou de um golpe frustrado que no dia 8 de janeiro transformou-se num atentado terrorista contra a democracia brasileira”, destacou. No final, quando já sabia que Bolsonaro não teria apoio suficiente para dar o golpe, Torres garantiu, segundo o senador, que os manifestantes “que vinham sendo mobilizados e conduzidos àquela catarse que nós vimos no dia 8 praticassem o ato terrorista”. O ex-ministro, na opinião de Carvalho, deveria ser enquadrado não só como mentor e como organizador de um ato violento para a interrupção da democracia, mas também como participante ativo.
“Ele tinha todas as responsabilidades para evitar o ato terrorista e deixou que acontecesse. Pra mim, o ato de 8 de janeiro é um ato terrorista contra a democracia brasileira que é mais grave do que um atentado violento ao Estado Democrático de Direito que ele vinha já praticando e que eles iam praticar caso conseguissem dar o golpe. Como não conseguiram, fizeram o ato terrorista acontecer”, salientou Carvalho.
Sessão de terça terá fotografo da Reuters
O repórter fotográfico da agência Reuters, Adriano Machado, será ouvido pela CPMI dos Atos Golpistas na sessão de terça-feira (15) às 9 horas. Ele foi testemunha pois estava trabalhando no dia 8 de janeiro e cobriu as invasões aos prédios dos Três Poderes. A oposição, segundo Carvalho, tenta emplacar a tese de que Machado seria infiltrado e que já estava no local dos atentados para fazer as imagens.
“Essa tese descabida demonstra o clima de desespero e que o cerco está se fechando, muitos aliados deles estão sendo presos. Primeiro eles diziam que a gente não queria fazer a CPI do 8 de janeiro, mas essa tese já caiu por terra nas primeiras oitivas, e a tese de que o fotógrafo era um infiltrado não se sustenta. Isso só demonstra que eles não têm argumentos”, apontou o senador, indicando a fragilidade dos argumentos dos parlamentares bolsonaristas que, segundo ele, vão tentar desqualificar o repórter.
“O tempo inteiro percebemos a provocação, o desrespeito, a falta de decoro dessa base parlamentar radical bolsonarista que tem desprezo pela verdade, pela seriedade, pela honestidade, desprezo à sociedade e à democracia. Essa base passa o tempo todo mentindo, criando falsas narrativas como fizeram comigo, dizendo que cuspi num parlamentar que fez discurso de ódio, foi rebatido e intimidou fisicamente a senadora Soraia Thronicke. Eu me coloquei na frente dele para dizer que não podia fisicamente intimidar a senadora por ser mulher”, afirmou Rogério Carvalho.
Ele reforçou que Bolsonaro está no centro de um crime de terrorismo, um golpe frustrado que o ex-presidente já sabia que não tinha condição de dar mas, mesmo assim, deixou que a operação continuasse e se transformasse no ato terrorista do 8 de janeiro. “Isso os deixa em desespero, partem para a mentira, para criar narrativas que são totalmente fantasiosas e mentirosas, mas é uma narrativa que eles tem instrumentos para poder veicular”, observou.
Por PT Nacional