Em artigo, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), analisa a nova regulação para a exploração do pré-sal, a partir da decisão do Congresso Nacional de retirar da Petrobras a condição de única operadora na exploração do pré-sal. “O quadro que virá pela frente no setor petrolífero será de devastação, porque vamos oferecer exploração e venda de campos para estrangeiros num momento em que as maiores empresas do setor estão reduzindo a produção diante do baixo preço do petróleo no mercado. …. Vamos vender a exploração a preço de banana para que multinacionais tenham reservas para um ciclo de alta do petróleo”. Leia a íntegra:
Crime de lesa-pátria
A decisão do Congresso de retirar da Petrobras a condição de única operadora na exploração do pré-sal terá consequências desastrosas para o Brasil. Com a aprovação do projeto de lei 4.567, do senador José Serra (PSDB-SP), as multinacionais poderão explorar nossa maior riqueza sem controle, o que colocará em risco a autonomia energética do país e derrubará as receitas com a exploração.
Representantes da direita neoliberal, que podem ter contado com o apoio de multinacionais interessadas em explorar nosso petróleo, patrocinaram uma severa campanha de destruição de imagem e enfraquecimento da Petrobras. Ação para criar clima favorável para o Congresso votar mudanças no regime de partilha, que garante a propriedade das jazidas do petróleo à União.
O quadro que virá pela frente no setor petrolífero será de devastação, porque vamos oferecer exploração e venda de campos para estrangeiros num momento que as maiores empresas do setor estão reduzindo a produção diante do baixo preço do petróleo no mercado. É um contrassenso, um crime de lesa-pátria, conceder aos estrangeiros o direito de explorar e controlar os campos do pré-sal. Vamos vender a exploração a preço de banana para que multinacionais tenham reservas para um ciclo de alta do petróleo.
A cadeia produtiva de petróleo e gás, sob a batuta da Petrobras, responde por 20% do PIB e 15% dos empregos criados. Garantimos a política de conteúdo nacional na indústria, desenvolvimento científico e domínio tecnológico na exploração e refinamento. Sem o controle da Petrobras, essas conquistas correm sério risco. Hoje, a empresa tem autonomia em relação ao competitivo mercado internacional de petróleo e é líder na tecnologia de exploração em águas profundas.
As reservas do pré-sal, tendo a Petrobras como operadora, têm produtividade acima da média mundial, a baixíssimo custo. A curva de produção diária de barris está em ascensão e em 2021 a produção deve atingir 3,4 milhões de barris/dia. A Petrobras produz o barril de petróleo na área do pré-sal entre 8 a 16 dólares o barril; nenhuma empresa produz a menos de US$ 22.
A entrada de novas empresas como operadoras vai aumentar o custo de produção e consequentemente reduzir o excedente que fica com a União e que deverá ser usado em educação e saúde. Só no campo de Libra, onde a Petrobras participa no consórcio com 40%, a alteração, se aplicada, gerará uma perda de cerca de R$ 246 bilhões para a União. As áreas de Saúde e Educação vão perder R$ 50 bilhões. Isso vai atingir os mais pobres, que dependem de políticas para o setor.
As jazidas do pré-sal estarão sob exploração imediatista e predatória com a única intenção de atender o entreguismo daqueles que não têm interesse no desenvolvimento autônomo do país, além dos interesses das grandes empresas petrolíferas estrangeiras. Aprovar esse projeto revela a natureza e os objetivos do governo golpista que se instalou no Palácio do Planalto.
* Carlos Zarattini é deputado federal (PT-SP)