Câmara lança exposição sobre tecelagem africana

janete pieta-D2A Câmara dos Deputados inaugurou nesta quarta-feira (10) a exposição Pano de Alaká, a Tecelagem Africana na Bahia. A mostra é um resgate histórico do final do século XVIII, de quando chegaram ao Brasil, através do Porto de São Salvador (BA), 150 mil panos, que passaram a compor o estilo de vestir e a formar a identidade dos povos africanos e afrodescendentes da época do Brasil colônia.

 

O chamado Pano de Alaká, ou pano da Costa, é peça de tecido fabricada por povos e culturas da África Ocidental. O termo “da Costa” advém do local de origem dos panos: A Costa Atlântica africana. Esse pano caracteriza o tradicional modo de vestir da Bahia e representa não apenas um tipo de vestimenta, mas integra também a liturgia dos cultos nos terreiros de candomblé, o ofício das baianas do acarajé e faz parte ainda de outras manifestações sociais e culturais dos negros do Brasil.

Para a deputada Janete Rocha Pietá ( PT-SP), a exposição mostra a importância da simbologia no modo de vestir da comunidade negra do país. “Essa mostra traz não apenas a importância física do uso dos tecidos, do pano para cobrir a cabeça, mas chama para a memória e para uma tradição religiosa de que o uso dessas peças significa proteção contra os males que a vida nos impõe”, explica a parlamentar. Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial, deputado Carlos Santana (PT-RJ), atividades como essa são importantes para combater o preconceito ainda existente no país. “Nos últimos anos o Brasil avançou, sob o governo Lula, em políticas públicas e na aprovação de legislação, como o Estatuto da Igualdade Racial, para combater os vários séculos de discriminação contra a população e a cultura negra do país”.

O curador da mostra, o antropólogo e museólogo, Raul Lody, explica que as peças em exposição são criadas e produzidas na Casa do Alaká, entidade que completa em 2010 o primeiro centenário de fundação e pertence ao terreiro de candomblé baiano, Ilê Axé Opô Afonjá, localizado no bairro de São Gonçalo do Amarante, na cidade de Salvador (BA). “Esse trabalho, além do resgate histórico da cultura negra da Bahia e do Brasil, tem uma grande importância social, pois a tecelagem gera emprego e renda a dezenas de pessoas atendidas pelo projeto”. O deputado Luiz Alberto (PT-BA) completa que esse trabalho é prova do reconhecimento da força da cultura negra da Bahia. “As comunidades dos terreiros de candomblé da Bahia reforçam e resgatam a cultura negra no estado. Nesses locais, crianças, jovens e adultos encontram o ambiente ideal para relembrar a história e colocar em prática o trabalho artesanal de seus ancestrais”, conclui.

Também estiveram presentes na abertura do evento os deputados petistas Vicentinho (SP) e Edson Santos (RJ). A exposição Pano de Alaká – A tecelagem africana na Bahia, poderá ser vista até o dia 2 de dezembro no Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, no 10º andar do anexo IV da Câmara dos Deputados.

Heber Carvalho

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