Câmara homenageia Tereza de Benguela, símbolo de resistência e luta contra o racismo

A Câmara dos Deputados homenageou hoje (16) cinco mulheres que foram protagonistas de fatos importantes na história brasileira. O corredor de acesso ao Plenário da Câmara dos Deputados, por exemplo, recebeu o nome de um dos maiores símbolos da resistência negra no Brasil do século 18: Tereza de Benguela. A inauguração com descerramento da placa ocorreu nesta quarta-feira.

Relatora da Proposta de Resolução 54/20, que concedeu o reconhecimento à história de luta e vida da homenageada, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) disse que Rainha Tereza, como era conhecida Tereza de Benguela, “é símbolo de força, resistência e luta contra o racismo e desigualdades que perduram até hoje em nossa sociedade”.

Resistência contra o racismo

Para Benedita, a ícone negra é a síntese de várias identidades: mulher, negra, líder, guerreira e democrata. “Representa os parlamentares e cidadãos que transitam diariamente pelo corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados, motivados a efetivar os direitos de liberdade preceituados séculos depois em nossa Constituição Federal”, comentou.

Outros espaços da Câmara também carregarão nomes de grandes mulheres, como Anésia Pinheiro Machado, Marília Chaves Peixoto, Ceci Cunha, Celina Guimarães Viana. Todas elas tiveram contribuição importante à história do País. O Plenário 11 se chamará Anésia Pinheiro Machado, o Plenário 13 receberá o nome de Marília Chaves Peixoto, e Ceci Cunha é como vai se chamar o Plenário 2 das comissões.

Conquista das mulheres

Também foi inaugurada a Ala Celina Guimarães Viana, no Anexo II, onde fica a galeria histórica das deputadas federais.

“Infelizmente, poucos conhecem as histórias incríveis dessas mulheres. Líderes, inovadoras, elas fizeram história e deixaram suas marcas. Agora, com esse importante reconhecimento, a memória, o simbolismo e as conquistas dessas mulheres estarão eternizadas nos espaços da Câmara dos Deputados”, comemorou Benedita da Silva.
Os projetos – todos de autoria da bancada feminina – foram aprovados na última quinta-feira (10), data em que se encerraram os 16 dias (no Brasil são 21 dias) de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

Perfil das homenageadas

Tereza de Benguela: ícone da resistência negra no Brasil colonial que liderou, durante o século 18, o Quilombo do Piolho – o maior do estado de Mato Grosso –, também conhecido como Quilombo do Quariterê. Sob sua liderança, mais de 200 pessoas das comunidades negra e indígena resistiram à escravidão por décadas.

Anésia Pinheiro Machado: aviadora que foi proclamada, em 1954, decana mundial da Aviação Feminina pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI).

Ceci Cunha: deputada federal assassinada em 1998, em crime encomendado por seu suplente com o intuito de tomar-lhe a vaga no Parlamento.

Celina Guimarães Viana: professora, foi patrona do voto feminino no Brasil.

Marília Chaves Peixoto: matemática e engenheira considerada autoridade mundial na área. A cientista e pesquisadora foi a primeira mulher brasileira a ingressar na Academia Brasileira de Ciências, em 1951, sendo também a primeira mulher membro efetiva da instituição.

 

Benildes Rodrigues, com informações da Agência Câmara

 

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