Deputados saúdam manifestações democráticas mas condenam “ataques golpistas e intolerantes”

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Deputados da bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara para analisar as manifestações que ocorreram no último final de semana. Eles classificaram como “salutares” e “louváveis” as divergências que respeitam os princípios democráticos, mas repudiaram o cunho “golpista e desrespeitoso” que predominou nos protestos do dia 15 que ocorreram em alguns estados do país.

“Democracia é o amplo direito de apresentar opiniões divergentes. Isso é louvável. No entanto, sinto uma angústia ao ver reverberar, por parte de irresponsáveis, o discurso intolerante de tentativa de desestabilização de nossa jovem democracia. A rejeição total e veemente a todo e qualquer tipo de inclinação golpista, fascista e intolerante é um sentimento consolidado no Brasil”, afirmou Zé Geraldo (PT-PA).

Para ele, muitos dos que empunharam faixas em favor de “intervenção militar” são pessoas “desprovidas de senso de democracia”. Ao mesmo tempo, Zé Geraldo repudiou a ação da mídia e da oposição que, na avaliação dele, “incentivou, participou e anabolizou o número de participantes, com clara tentativa de desestabilizar o governo. Informo que mais uma vez, sairão derrotados”.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF) as manifestações são legítimas, mas não se pode admitir os ataques dos quais a presidenta Dilma foi vítima no último domingo. “O que não podemos admitir é que tenhamos um nível de ataque à presidenta Dilma Rousseff que atinja a sua condição de gênero feminino. Ao se estabelecer uma desconstrução, uma desqualificação da Presidenta em função da condição de ser mulher, está-se agredindo o conjunto das mulheres deste País”, condenou.

Para o deputado Marcon (PT-RS), setores da mídia potencializaram as manifestações. “Observei que, apesar das manifestações terem sido propagadas pela mídia com bastante antecedência, não vimos nada de novo, além dos eleitores que não haviam votado na presidenta Dilma e que não concordam com a forma de fazer política do governo do PT que incluiu o pobre na agenda política do Brasil”, disse o petista.

Marcon disse ainda que, à exceção da parte golpista do ato que aconteceu no último domingo, o governo deve considerar os anseios da população. Para ele, além do pacote anticorrupção que chegará à Câmara, o governo também deve buscar alternativas para conter a crise econômica e o déficit na arrecadação do país. Como exemplo, ele citou a taxação das grandes fortunas e a readequação de tributação para que “onere aqueles que mais têm ganho”.

Comparação – Já o deputado Padre João (PT-MG) comparou os atos que ocorreram no dia 13 com o do dia 15 de março. De acordo com Padre João, na sexta-feira 13 o povo foi às ruas com pauta definida, onde pediu a Reforma Política e avanços nos direitos trabalhistas. Enquanto que no domingo a pauta foi complexa. “Até apelo à volta da ditadura foi verificado”, constatou Padre João.

“Na última sexta-feira, dia 13, e no último domingo, dia 15, para nós que fazemos parte, ao longo da história, da luta da classe trabalhadora, ficamos felizes de ver um País que, depois de longos anos de muita luta pela democracia, de muita luta para termos espaço, pôde ver a nossa população nas ruas”, assinalou o deputado João Daniel (PT-SE).

“Eu quero alertar esta Casa para o fato de que as manifestações, nos dias 13 e 15, não foram só de protesto com o Governo Federal, mas também com relação aos políticos brasileiros. Teve líder do PSDB que não conseguiu falar, foi vaiado em praça pública, como também de outros partidos”, contou Caetano (PT-BA).

A deputada Moema Gramacho (PT-BA) citou levantamento realizado pelo Index Instituto de Pesquisa. Segundo a pesquisa, o perfil dos manifestantes era o seguinte: 40% recebiam mais de dez salários mínimos; 87% eram brancos; e 76% votaram no Aécio.

“Ora, é claro que a gente tem que saber qual é o perfil dos manifestantes, sim. É importante também saber onde aconteceram as manifestações. Na Bahia, só deram 5 mil pessoas. Mesmo assim, só deram 5 mil pessoas porque o evento convidou os manifestantes para passearem na Barra Avenida. Se o evento tivesse chamado as pessoas lá para Campo Grande ou para Baixa dos Sapateiros, muitos dos que foram à Barra provavelmente não iriam. Então, é importante que se destaque isso”, afirmou.

Benildes Rodrigues 

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