Cade investiga cartel de bancos estrangeiros na manipulação de taxas de câmbio

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu processo administrativo para investigar cartel formado para manipular taxas de câmbio, envolvendo o real e moedas estrangeiras. Também será apurada eventual manipulação de índices de referência de mercado de câmbio.

“Todas as supostas condutas teriam comprometido a concorrência nesse mercado, prejudicando as condições e os  preços pagos pelos clientes em suas operações de câmbio, de forma a aumentar os lucros das empresas  representadas, além de distorcer os índices de referência do mercado de câmbio”, afirmou o Cade em nota distribuída na quinta-feira, 2.

Ainda de acordo com o Cade, as instituições investigadas no processo são Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo­Mitsubishi UFJ, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan Chase, Merril  Lyn ch, Morgan Stanley, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland, Standard Chartered e UBS, além de trinta pessoas físicas.

O órgão informa que a investigação teve início a partir de um acordo de leniência celebrado com a Superintendência­Geral do Cade e o Ministério Público Federal. Isso quer dizer que um participante do cartel teria denunciado o ilícito do qual fazia parte, apontado outros envolvidos e se comprometido a colaborar com as autoridades na apuração do caso, em troca da extinção ou redução da punição.

Caso semelhante de manipulação de taxas de câmbio foi verificado no mercado internacional e uma investigação  conduzida por autoridades americanas e britânicas resultou em aplicação de multas de US$ 5,6 bilhões a seis grande s bancos por manipulação entre 2007 e 2013.

O parecer da superintendência do Cade aponta que existem fortes indícios de práticas anticompetitivas de fixação de preços e condições comerciais entre as instituições financeiras concorrentes. Segundo as evidências coletadas pelo Cade, os representados teriam montado um cartel para fixar níveis de preços (spread cambial); coordenar compra e venda de moedas e propostas de preços para clientes; além de dificultar e/ou impedir a atuação de outros operadores no mercado de câmbio envolvendo a moeda brasileira.

Ainda de acordo com o Cade, as instituições financeiras acusadas teriam se coordenado para influenciar índices de referência dos mercados cambiais, por meio do alinhamento de suas compras e vendas de moeda. O órgão também encontrou indícios adicionais de práticas anticompetitivas de compartilhamento de informações comercialmente sensíveis sobre o mercado de câmbio, como informações sobre negociações, contratos e preços futuros; ordens de clientes; estratégias e objetivos de negociação; posições confidenciais em operações e ordens específicas; e o montante de operações realizadas (fluxos de entrada e saída).

Segundo Cade, as práticas anticompetitivas foram viabilizadas por meio de “chats” da plataforma Bloomberg, que permite a troca de mensagem por operadores de câmbio. Ainda de acordo com o Cade, os representados se autodenominavam como “o cartel” ou “a máfia”.

Com a instauração do processo administrativo, os acusados serão notificados para apresentar defesa no prazo de 30 dias. Ao fim da instrução processual, a Superintendência­Geral opinará pela condenação ou arquivamento e remeterá o caso para julgamento pelo Tribunal do Cade, responsável pela decisão final.

 Leia mais:  Superintendência do Cade investiga cartel na manipulação de taxas de câmbio

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Foto: Divulgação

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