A pesquisadora Nadia Ayad, recém-formada em engenharia de materiais pelo IME (Instituto Militar de Engenharia), levou o primeiro lugar no desafio mundial da Sandvik sobre a utilização do grafeno, um material à base de carbono. Nadia foi uma das milhares de estudantes brasileiras que, ao conseguir uma bolsa do Ciência Sem Fronteiras, abriu horizontes fora do País – no caso dela, na Inglaterra – e deu novo rumo à sua carreira.
Na Universidade de Manchester, onde passou um ano, teve contato com grandes nomes da área e com os campos de pesquisa pelos quais se interessava. “Na Inglaterra, pude ver onde está a pesquisa hoje. Eles têm muitos recursos e acesso a muitas facilidades para fazer acontecer”, sintetiza Nadia.
Para a deputada Benedita da Silva (PT-RS) a conquista da engenheira é motivo de orgulho para o Brasil. “Ao conhecer um pouco da trajetória dela, vi que isso só foi possível, em primeiro lugar, devido ao empenho, dedicação e luta de Nadia, e também às ações de acesso e oportunidade, como o programa Ciência Sem Fronteiras. É para ter de volta esse Brasil de igualdade, acesso e oportunidades que nós, do Partido dos Trabalhadores, estamos lutando”, afirmou.
A experiência da brasileira no Reino Unido fez com que ela tivesse acesso também a estágios, como o que realizou na Imperial College London. Por lá, ela pôde trabalhar no desenvolvimento de um polímero que substituísse válvulas cardíacas. Era uma forma de entender, em termos mais gerais, a parte mecânica das células, e como os estímulos ao redor – como o aumento no fluxo de sangue – influenciavam o funcionamento do coração.
Com o estágio na Imperial College na bagagem e uma formação forte em engenharia de materiais, Nadia resolveu aplicar diretamente para o PhD no exterior. Em vez de passar pelo mestrado, ela se candidatou diretamente a universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Na lista de instituições, estão nomes conhecidos, como o americano MIT (Massachussetts Institute of Technology) e a britânica Universidade de Cambridge.
Prêmio – Para chegar até a vitória no desafio mundial, Nadia se debruçou sobre os estudos que existiam acerca do grafeno. Derivado do grafite, trata-se de um composto 200 vezes mais resistente que o aço e que ganhou título de melhor condutor térmico e elétrico do mundo.
Coube à brasileira, que já possuía experiência em pesquisa, elaborar um projeto para utilizar o material em dispositivos de filtragem e sistemas de dessalinização. O projeto tem como base uma preocupação constante e justificada: como garantir que, no futuro, tenhamos acesso à água potável? Iniciativas como a elaborada pela brasileira podem sugerir um caminho.
De olho na carreira acadêmica e focada nos potenciais usos de biomateriais dentro da medicina, Nadia pretende trazer mais discussões sobre o seu tema de análise ao Brasil, onde o campo de estudos dá os primeiros passos. “Quero que, no futuro, as pessoas não precisem ir para fora para ter acesso à pesquisa de ponta”.
PT na Câmara com Site Estudar Fora