O golpe contra a democracia, a Constituição brasileira e a soberania popular de 54,5 milhões de votos completa hoje dois anos. Naquele fatídico 17 de abril de 2016, um total de 367 deputados e deputadas decidiu autorizar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, sem que tenha havido a condição constitucional necessária para justificar seu afastamento: o crime de responsabilidade.
“Aquele 17 de abril foi um choque de realidade no País. Muitas pessoas até hoje têm uma profunda vergonha daquela sessão. Foi um circo de horrores em pleno domingo. Foi algo vergonhoso levar para a casa dos brasileiros e brasileiras aquele time de pessoas desqualificadas, falando da mãe, do filho, da tia, da família, sem que conhecessem nada do processo”, recordou nesta terça (17) o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Lula Pimenta, durante edição especial do programa Democracia no Ar, transmitido pelas redes sociais do PT na Câmara.
Pimenta lembrou que é importante compreender o golpe sob o aspecto temporal, a partir de fatos que antecedem a votação na Câmara, mas também sob o aspecto da geopolítica mundial. Ele citou como exemplos a eleição no ano anterior de Mauricio Macri, na Argentina, representando a ascensão da direita liberal naquele país; a descoberta do pré-sal no Brasil, que atiçou a sanha imperialista contra os interesses nacionais; e o protagonismo brasileiro em questões estratégicas no cenário internacional, que passaram a desagradar interesses também externos.
Cunha – Na sequência do que vinha ocorrendo no mundo, a eleição de Aécio Neves seria, portanto, o arremate de todos os interesses do capital internacional aqui no Brasil. Porém, como ressaltou o líder, o mineiro foi derrotado e, ao não aceitar a derrota, desencadeou toda a crise política dos últimos anos, anunciando que iria promover um verdadeiro boicote ao governo Dilma. “É importante lembrar também que, à época, Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara e impediu a presidenta de governar com plenitude, aprovando pautas bomba e barrando a aprovação de medidas de ajustes fiscais”, destacou.
Ou seja, em nome de interesses que não eram os nacionais, aqueles que foram derrotadas nas urnas pela quarta vez decidiram rasgar a Constituição, tirar Dilma da Presidência e colocar o Brasil de joelhos. “Tudo isso para entregar o pré-sal, entregar as nossas riquezas, mexer na Previdência, alterar a legislação trabalhista e aprovar a PEC para acabar com os investimentos públicos. E eles sabiam que jamais conseguiram fazer isso sem afastar o PT e a Dilma, que representavam um governo democrático popular. Então, o golpe teve um objetivo político, mas, além desse objetivo, teve também uma razão econômica”, explicou.
Na sequência desse processo, a prisão de Lula, segundo alertou Pimenta, representou a continuidade do golpe, que com todo o apoio midiático e complacência jurídica não conseguiu atingir a meta de destruir politicamente o ex-presidente. “O Lula não para de crescer. Então o golpe deu errado politicamente e economicamente. E o País não vai sair dessa crise enquanto não tiver uma eleição limpa e livre com a participação de todos os candidatos. Uma eleição sem Lula é uma eleição sem legitimidade”.
Para Paulo Lula Pimenta, a eleição com a participação de Lula seria o caminho para o País reaver a normalidade democrática. “Essa é a alternativa para pacificar o Brasil, permitindo ao País retomar o desenvolvimento, gerar emprego, criar oportunidades e distribuir riquezas”, sentenciou.
Foto: Joka Madruga
PT na Câmara