Brasil, o próximo epicentro do coronavírus, é resultado do descaso do governo Bolsonaro, avaliam petistas

Os deputados Jorge Solla (PT-BA) e Alexandre Padilha (PT-SP) avaliaram nesta terça-feira (5), que o recente estudo divulgado pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal – que aponta o Brasil como o próximo epicentro da pandemia do novo coronavírus -, é reflexo do descaso do governo Bolsonaro ao lidar com a crise sanitária.

Foto: Lula Marques

 

 

A cada dia a estatística brasileira muda. Dados do Ministério da Saúde mostram que o coronavírus já matou mais de 7 mil brasileiros e existem mais de 105 mil infectados. A doença atinge principalmente as favelas e periferias, onde se encontram bolsões de miséria, de pessoas desempregadas, abandonadas pelo Estado desde o golpe de 2016.

“O grande problema é que o Brasil tem um presidente que é aliado do vírus. E um Ministério da Saúde que não tem competência para fazer enfrentamento da pandemia”, criticou Jorge Solla, que também é médico.

Solla, ex-secretário de Saúde da Bahia, se referiu às diversas ocasiões em que o presidente Bolsonaro descumpriu as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que determinou como medida protetiva o isolamento social. Bolsonaro, além de provocar aglomerações em suas aparições públicas, também não implementou políticas de saúde para combater a proliferação do vírus.

Segundo o estudo feito pela Universidade Johns Hopkins (EUA), em parceria com instituições brasileiras – como a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP) – o número de pessoas infectadas no Brasil pode chegar a 1,6 milhão, mais do que os 1,1 milhões de casos divulgados pelos EUA, atual epicentro da pandemia.

“Tem que ter uma injeção de efeito imediato para fortalecer o SUS neste momento da pandemia. Só com SUS mais forte podemos salvar as vidas da maioria da população”, defendeu o deputado Alexandre Padilha.

Agência Brasil

Alternativa

A alternativa apontada pelos parlamentares para conter a explosão da Covid-19 no País é não transigir no isolamento social, conforme recomenda a Organização Mundial de Saúde.

“A principal ação para barrar a explosão da Covid é o isolamento social, isolamento que o presidente Bolsonaro luta contra, com sua visão terraplanista epidemiológica. Essa é a única medida efetiva para barrar a transmissão. Fora isso, é proteger os profissionais de saúde, ter condições de fazer diagnóstico para monitorar a evolução da doença e aumentar a capacidade hospitalar”, apontou Solla.

Descaso

O deputado Jorge Solla relatou que mesmo antes do Carnaval, foi cobrado do ministro da Saúde, à época Luiz Henrique Mandetta, a compra de equipamentos de proteção individual, investimento em teste-diagnóstico, abertura de novos leitos hospitalares – principalmente UTIs – e, de imediato, a liberação de recursos do SUS para estados e municípios.

“Nada disso foi efetivado até agora. O ministro Mandetta teve dois meses, antes de sua saída do cargo e nada fez. Muito menos o atual ministro que não sabe a diferença entre o SUS e o suspiro”, ironizou Solla.

Medidas

Jorge Solla disse que a Bancada do PT no Congresso já formulou e apresentou várias medidas para aliviar o sofrimento do povo brasileiro. Entre essas ações o parlamentar destacou a cobrança de repasse financeiro para estados e municípios, o seguro emergencial no valor de um salário mínimo sugerido pela bancada, mas que acabou aprovado em 600 reais como auxílio emergencial. Bolsonaro, lembra Solla, queria pagar apenas 200 reais.

“Tem uma série de medidas que estão em curso e são bastante amplas. Elas vão desde repasse de recursos para estados e municípios, liberação de recursos financeiros para a população poder se manter, até medidas mais especificas do ponto de vista de saúde que precisam ser efetivadas pelo governo Bolsonaro”, observou o petista.

Já o deputado Padilha lembrou que a Câmara ontem (4), em 1º turno, aprovou as modificações do Senado ao texto da PEC 10/2020, que cria o chamando “orçamento de guerra”. Segundo Padilha, com a proposta, cai o congelamento dos recursos da saúde neste ano de 2020. Portanto, haverá mais recursos para investimentos em saúde.

Padilha lembrou que o Congresso já aprovou também, proposta da Bancada do PT, de destinar R$ 2 bilhões às Santas Casas para que elas possam ampliar o atendimento e adquirir equipamentos de proteção. Além disso, explicou o deputado, foi aprovada uma lei de sua autoria, que obriga a proteção e autorização de exames aos trabalhadores de saúde.

“Essas são ações imediatas que devem ser adotadas para diminuir o sofrimento que já está presente em várias cidades do País e que tende a aumentar com a postura irresponsável do presidente Bolsonaro”, criticou Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff.

Benildes Rodrigues

 

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