O vice-líder da Bancada do PT na Câmara, Leo de Brito (AC), denunciou hoje (28) que o Brasil se tornou “uma nau à deriva” e um pária internacional com o desgoverno Jair Bolsonaro, que acaba de completar mil dias sem nenhuma notícia boa para o povo brasileiro. Ele enumerou uma série de retrocessos e lançou um desafio para que se aponte qualquer iniciativa do governo militar liderado por Bolsonaro que tenha resultado em melhoria da qualidade de vida da população.
Ele criticou a ausência de uma política econômica que gere empregos e renda. “O dólar está alto, o Brasil não cresce, nós temos hoje 15 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados que estão há mais de 2 anos procurando emprego”, disse. Lembrou que há 33 milhões de brasileiros que estão em subempregos, num país cuja economia “nem voo de galinha” tem. “Não há nada a comemorar nesses mil dias”
Ele lamentou o fato de o Brasil ter-se tornado com Bolsonaro um campeão mundial de desmatamento na Amazônia e em outros biomas, além de ter virado um pária internacional. Segundo ele, “falar de Brasil hoje, em qualquer lugar do mundo, é motivo de chacota ou motivo de desrespeito, porque, com o Presidente da República que nós temos, o Brasil não se dá o respeito”.
Inflação e fome
O deputado frisou que o empobrecimento geral da população, aliado ao desemprego, inflação e aumento dos preços dos combustíveis , tem levado a uma situação dramática de “Norte a Sul, de Leste a Oeste”. Ele lamentou que uma jovem mãe de uma criança de oito meses tenha morrido nesta semana por queimaduras ao tentar cozinhar com álcool por não poder comprar gás de cozinha. “É um absurdo o que está acontecendo, porque o preço do gás de cozinha está ultrapassando 100 reais. Em alguns lugares, como no Acre, já chega a 130 reais”, informou.
Ele destacou também que a fome voltou, com o desemprego, o subemprego, a alta desenfreada dos preços dos alimentos e o empobrecimento geral da população. “Antes, a população fazia churrasco, comia picanha. Hoje, está comendo pé de galinha, está comendo osso”, sublinhou.
Leo de Brito observou que os preços dos combustíveis, que têm peso substancial na cadeia produtiva, estão nas alturas, com o litro de gasolina chegando a 7 reais e, em certas localidades do Acre, a 9 reais. “É esse o Brasil que Bolsonaro comemora”, ironizou o parlamentar.
Tudo para os donos do capital, nada para o povo
Ele criticou duramente, na Tribuna da Câmara, o comportamento do presidente direitista Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando questionados sobre os preços dos combustíveis. Leo de |Brito disse que em vez de enfrentar o problema, ambos culpam o mercado internacional e jogam a culpa nos governadores, por causa do ICMS, embora o imposto tenha permanecido igual nos últimos anos. No governo Dilma, até o golpe de 2016, o litro de gasolina custava ao redor de 2,80 reais e o gás de cozinha 40 reais o bujão.
Um país à deriva
“Que recado eles estão dando para a nossa população que está sofrendo? Que o País não tem governo, que o País é uma nau à deriva. Literalmente, o nosso País hoje é uma nau à deriva. Comemorar o que desses 1000 dias? O que nós vamos comemorar?”, indagou o vice-líder do PT.
Leo de Brito criticou o governo militar por estar também destruindo a educação no País, com ataque às universidades e a diferentes programas de inclusão dos segmentos desfavorecidos da sociedade. Segundo ele, trata-se de um governo que despreza a educação e agora pretende fazer uma “reforma administrativa (PEC 32) que desmonta o serviço público para contratar servidores temporários.
Ele lembrou que as reformas iniciadas com o governo golpista Michel Temer e aprofundadas por Bolsonaro são vendidas como se fossem gerar empregos e tirar o país do atoleiro econômico social, mas, ao contrário, aprofundam a crise. Citou as terceirizações, a precarização da legislação trabalhista e a reforma da Previdência como exemplos de retrocessos que prejudicaram a maioria da população brasileira, favorecendo apenas os donos do capital.
Idosos como cobaias
O deputado se disse “perplexo” diante do depoimento feito nesta terça-feira à CPI da Covid pela advogada Bruna Morato, representante de 12 médicos da Prevent Senior. A advogada mostrou que a empresa de saúde tratava idosos como cobaias nos casos de Covid-19, aplicando-lhe um tratamento “precoce” sem nenhuma eficácia “como uma forma de cumprir e comprovar uma tese levantada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo seu gabinete paralelo com a participação do Ministério da Economia”.
“Então, nós tivemos ali casos de fraude em atestados de óbito, nós tivemos a utilização daquele espaço médico para a utilização das pessoas como cobaias. Isso, no Brasil, em pleno século XXI. É estarrecedor o que aconteceu, é estarrecedor o que nós estamos vendo. As autoridades, o Ministério Público, a polícia, os conselhos de medicina precisam ir a fundo nessas situações”, conclamou Leo de Brito.
Para Leo de Brito, a única saída é a abertura do processo de impeachment de Bolsonaro. Na Câmara, há mais de cem pedidos de impeachment à espera de uma decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Redação PT na Câmara