Brasil deve ter melhor avaliação de dívida e cenário é positivo, dizem ministros

14-04-10-mantega_emeirelles-D1O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira acreditar que o Brasil terá sua avaliação de risco revista, uma vez que saiu bem da crise financeira internacional. “Acho que a tendência é de melhora de rating, principalmente depois de o Brasil sair da crise mais forte do que entrou e mais forte do que muitos outros países. A tendência é de que os ratings (avaliação de empresas especializadas sobre a capacidade de um país saldar seus compromissos financeiros) brasileiros sejam melhorados”, disse. O presidente do BC e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estiveram na CPI da Dívida Pública da Câmara, presidida pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).

Meirelles disse que o Brasil inverteu um ciclo vicioso de modelo econômico para um ciclo virtuoso, no qual o sistema de metas de inflação, o regime de câmbio flutuante e o acúmulo de reservas internacionais, aliado ao superávit primário, reduziram juros, inflação e permitiram a melhoria do risco externo e do risco fiscal. “São seis anos consecutivos de inflação na meta e a projeção do mercado para 2010 é uma taxa de 5,29% em 2010”, disse.

Ele citou ainda que a responsabilidade macroeconômica praticada nos últimos anos permitiu também uma redução da relação da dívida externa/PIB, da dívida líquida do setor público e a melhoria nos indicadores de emprego. “Trinta milhões de brasileiros entraram na classe média”, afirmou. O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que falou em nome do partido, destacou que o Brasil está numa trajetória de crescimento da economia e citou que foram criados 9,1 milhões de empregos desde 2003.

Dívida – Na reunião, o ministro Mantega destacou que tanto a dívida externa como a interna estão caindo. A dívida líquida do setor público está em 40,7% do PIB, mas já esteve em 60,6% em 2002. “A dívida do Brasil hoje é menor do que muitos países avançados, como EUA ou Japão”.

O ministro também esclareceu que a dívida externa foi transformada em dívida interna, “o que é muito melhor do que deixar o país dependente dos humores externos”. A dívida externa hoje não é mais um problema. Foi, mas não é mais”, afirmou.
Segundo ele, as taxas pagas nas emissões externas apresentam redução consistente nos último anos. O Tesouro Nacional emitiu, em setembro de 2009, seu novo bônus Global 2041, com taxa de retorno ao investidor de 5,80% ao ano. Essa emissão, disse o ministro, é a de menor custo entre as emissões de bônus da dívida externa com prazo de 30 anos já realizada no país.

Juros – Mantega afirmou ainda que o juro da dívida líquida do setor público não-financeiro correspondeu a 5,4% do PIB em 2009 e deverá fechar 2010 em 4,8% do PIB. “É alto? Ainda acho alto. Mas temos essa perspectiva de redução e até bem pouco tempo pagávamos 7% do PIB. É alto, mas é menos do que pagávamos no passado”, disse.

Para os consumidores, disse, os juros ainda são elevados, assim como os spreads (diferença entre o que o custo da captação pelo banco e o que é cobrado nos empréstimos). “Falta concorrência no setor financeiro, existem poucos bancos que disputam o crédito. Os bancos públicos estão estabelecendo a competitividade”, disse.

Na reunião, ele também defendeu a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e afirmou que em nenhum momento o governo violou a LRF durante a crise. “Temos de manter a LRF. Se você abrir um pouquinho a porta, ela poderá ser escancarada”, disse.

Gabriela Mascarenhas

 

 

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