Em mais um lamentável e irresponsável ato de campanha antivacinas, Jair Bolsonaro voltou a usar as redes sociais para mentir e levar desinformação à população sobre a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan. O presidente citou o aumento de casos de Covid-19 no Chile pela variante Delta para levantar suspeitas sobre a segurança do imunizante. O ataque desonesto de Bolsonaro desconsidera que a vacina vem ajudando a reduzir o número de internações de pacientes com casos graves da doença.
“Não deu certo essa vacina dele [o governador João Dória] infelizmente no Chile. Aqui no Brasil também parece que está complicado. Torcemos para que essas notícias não estejam certas, parece que infelizmente não deu muito certo”, afirmou Bolsonaro, durante uma live.
No Chile, que lidera o processo de vacinação na América Latina, as vacinações derrubaram o número de casos graves, especialmente entre idosos. “Algumas mudanças já ocorreram”, declarou a infectologista chilena María Luz Endeiza à Folha de S. Paulo. “Hoje 85% dos internados em UTI são não vacinados e também são mais jovens, o que significa que as vacinas têm tido como resultado, por ora, em reduzir morte entre os mais idosos”, avaliou Endeiza.
“Agora, é preciso avançar de acordo com a mudança da situação e da chegada das novas variantes”, disse a infectologista. Ela afirmou ainda que o governo estuda a aplicação de uma terceira dose da CoronaVac para continuar a pressionar para baixo as internações e mortes. No Chile, as mortes por Covid-19 já caíram 80% enquanto as internações foram reduzidas em 89%.
Eficácia
A CoronaVac apresenta eficácia global de 50,38% no estudo de fase 3 conduzido no Brasil. Ou seja, sua proteção contra vírus em si é relativamente baixa. No entanto, é a vacina que tem maior cobertura para casos graves e óbitos em função da doença.
“É de celebrar que essas vacinas esvaziem os hospitais e reduzam as internações”, afirmou o médico Carlos Regazzoni, em entrevista à Folha. “Porém, a chegada das novas variantes, especialmente a delta, que se mostra mais contagiosa, aponta que apenas reduzir a possibilidade de a pessoa ficar doente não basta. É preciso frear o vírus. Se ele continua circulando, ainda que a letalidade seja menor, isso vai ser ruim no longo prazo, pois a circulação vai gerar outras variantes que podem começar a aposentar algumas vacinas”, alertou o médisco, que é especializado em bioestatística.
Serrana
O experimento realizado na cidade de Serrana (SP) comprova que a CoronaVac de fato protege a população. Após a imunização em massa de 95% da população adulta com duas doses, o número de óbitos caiu 95%. Já as internações foram reduzidas em 86% e o índice de casos sintomáticos, 80%.
PTNacional, com informações de Folha de S. Paulo