Ao ocupar a tribuna da Câmara nesta quarta-feira (21), o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) denunciou a falácia do governo Bolsonaro que age como se ainda estivesse em campanha eleitoral, ao transformar os problemas do Brasil em disputa político-ideológica. Segundo Zarattini, os pretensos ministros do governo eleito dão declarações o tempo todo, mas não apresentam alternativas para enfrentar a grave crise que destroça o País. “Fica evidente que eles querem trabalhar o tempo todo em cima dessa disputa política”, criticou.
“O futuro ministro da Saúde já começou a dar declarações que não apresentam solução nenhuma para os problemas da saúde no Brasil. Ele continua apostando, como todo esse governo eleito de Bolsonaro, em fazer a disputa política e ideológica ao dizer que o Programa Mais Médicos é um convênio entre o PT e Cuba”, afirmou Zarattini.
O parlamentar lembrou que, com a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos, o futuro ministro da pasta não disse à população como a ausência desses profissionais será suprida, nem como será feito o atendimento à saúde das populações das periferias dos grandes centros e do interior do Brasil, que muito necessita de uma saúde pública de qualidade e humanizada.
“Ele [o ministro] não apresenta solução porque esse problema foi resolvido pelo Programa Mais Médicos, num acordo entre Brasil e Cuba, do qual participaram mais de 20 mil médicos cubanos. Havia, até agora, mais de 8 mil médicos cubanos atendendo em diversas regiões do Brasil, com atendimentos muito bem recebidos pelo povo brasileiro”, esclareceu o petista.
A leviandade de Bolsonaro ao falar do Mais Médicos também foi alvo das críticas contundentes de Zarattini. De acordo com o petista, Bolsonaro atacou o Programa Mais Médicos quando disse que se trata de um programa de escravidão. Zarattini lembrou também que o eleito diz que não é permitido que as famílias desses médicos venham ao Brasil. “Ora, justamente ele, Bolsonaro, tentou aprovar no Plenário desta Casa essa proibição”, relembrou.
“Bolsonaro faz tudo isso simplesmente para travar uma batalha político-ideológica e criar uma cortina de fumaça para a falta de soluções para os graves problemas de saúde que temos em nosso País, cujo problema maior é exatamente a falta de médicos nas regiões mais distantes e periféricas das grandes cidades”, acusou.
Lesa-pátria – Para Zarattini a política entreguista do governo golpista de Michel Temer terá continuidade no de Bolsonaro. Na avaliação do deputado, a gestão que se instalará dia 1º de janeiro – que terá Paulo Guedes como ministro da Economia -, vai atuar para atender o mercado financeiro. “Eles querem fazer um programa de lesa-pátria, entregando as nossas riquezas e as nossas empresas às multinacionais, ao capital estrangeiro”, denunciou Zarattini.
“Não podemos aceitar, em hipótese alguma, a entrega do nosso patrimônio nacional, a redução dos direitos sociais, a redução dos direitos trabalhistas. Nós precisamos, sim, de um projeto de desenvolvimento social e econômico compatibilizado com o aprofundamento da democracia”, defendeu.
Carlos Zarattini assegurou que o governo de Bolsonaro não terá arrego. “Não pense esse governo, que vai ter vida fácil ao enfrentar e tentar restringir a democracia. Nós vamos lutar aqui. A oposição vai lutar e batalhar para que esses projetos não sejam aprovados”, salientou.
“Vamos derrotá-lo, sim, no debate, na política, no dia a dia do enfrentamento, solidarizando-nos com o povo brasileiro”, finalizou.
Benildes Rodrigues