A ida de Jair Bolsonaro, no domingo (12), a cidades baianas atingidas por fortes chuvas se transformou em mais uma aula de como um presidente da República não deveria se comportar. A lista de absurdos é grande até mesmo para o ex-capitão.
Primeiro, Bolsonaro tentou usar a tragédia, que matou cinco pessoas, feriu 175 e deixou milhares de desabrigados, para se promover, desfilando de caminhonete por Itamaraju, uma das cidades atingidas, como se houvesse motivo para festividade. Além disso, ao ser perguntado sobre a tragédia, utilizou o momento para atacar governadores e se eximir de sua responsabilidade pelas mais de 615 mil mortes por Covid-19 no país.
“Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores e o pessoal da Bahia fecharam todo o comércio e obrigaram o povo a ficar em casa”, disse, segundo a Folha de S. Paulo, como se não fosse ele o grande sabotador do combate à pandemia, o que o levou a ser indiciado por crimes contra a humanidade.
Coube ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), deixar claro o que Bolsonaro foi fazer no estado. Ao ser questionado sobre o ataque gratuito feito pelo atual presidente, Costa foi sucinto, conforme noticiou o site Brasil 247. “Não tenho tempo para politicagem barata. O momento é de solidariedade, de arregaçar as mangas e de trabalhar”, respondeu o governador, que, desde o primeiro dia da tragédia começou a tomar providências para amparar as famílias e já anunciou a reconstrução de casas.
Faremos uma parceria com os municípios para ajudar a reconstruir as casas das pessoas que tiveram sua moradia destruída pelas chuvas. É necessário que as novas casas sejam feitas em regiões mais altas, para prevenir colocar vidas em risco no futuro. pic.twitter.com/nTYB1ukqNx
— Rui Costa (@costa_rui) December 13, 2021
Ajuda menor que gasto com leite condensado
Os absurdos continuaram quando um dos ministros de Bolsonaro, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), anunciou ajuda federal de R$ 5,8 milhões. O valor, quem tem boa memória vai saber, equivale a cerca de um terço do que o governo Bolsonaro gastou no ano passado com leite condensado, segundo levantamento publicado em janeiro pelo site Metrópoles.
Diante de tal anúncio, foi a vez de a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), definir a postura de Bolsonaro. “Aproveitador”, resumiu Gleisi em postagem nas redes sociais. “Bolsonaro fez campanha no sul da Bahia, mas ajuda alardeada a 5 cidades atingidas é irrisória! R$ 5 milhões e 800 mil são um terço dos mais de 15 milhões gastos pelo governo para compra de leite condensado no ano passado para o Planalto”, completou.
E, para completar, houve ainda os tradicionais ataques à imprensa, com direito a agressões físicas contra jornalistas por parte dos seguranças do presidente, como já havia acontecido na Itália, no mês passado. De acordo com o portal Terra, uma repórter e um cinegrafista da Rede Globo foram imobilizados com mata-leões e uma repórter do SBT levou um tapa no rosto.
As agressões levaram a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) a emitir nota na qual “repudia as agressões e demanda que as autoridades competentes orientem a equipe de segurança do presidente para que respeite o trabalho dos jornalistas, pois lamentavelmente esse tipo de agressão vem se repetindo”. A associação ainda “exige que Jair Bolsonaro cesse os ataques verbais contra a imprensa, os quais incentivam sua militância a agredir repórteres e impedir seu trabalho, o qual é garantido pela Constituição Federal”.
Minha solidariedade aos jornalistas agredidos no sul da Bahia. Impedir o trabalho da imprensa é um atentado à democracia e à liberdade de expressão e de opinião. Atitudes como essa são inaceitáveis, afrontam a Constituição, e sempre terão o meu repúdio.
— Paulo Paim (@paulopaim) December 13, 2021
Minha solidariedade à equipe de reportagem da Rede Globo, que foi agredida e impedida de realizar a cobertura jornalística durante carreata com o presidente em Itamaraju, na Bahia.
— Rui Costa (@costa_rui) December 12, 2021
Redação da Agência PT