A prévia da pesquisa Conjuntura Política e corrupção financeira, divulgada na segunda-feira (13) pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL), mostra que a população considera que as políticas econômicas de Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes favorecem grandes empresários (69%) e banqueiros (68%).
A pesquisa, coordenada pelo sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também aponta que 86% dos entrevistados consideram que o país vive uma crise. Mais da metade (51%) afirma que esse desgoverno é prejudicial aos trabalhadores, e nove em cada 10 (90%) disseram que a população mais pobre perdeu com a crise.
Sobre quem ganha com a crise, “políticos” e “pessoas mais ricas” lideram a lista, com 63%. Na sequência, aparecem “pessoas que mantêm dinheiro fora do país” (52%), “bancos” (44%), “grandes empresas” (39%) e “empresários” (36%).
Guedes é avaliado como “ruim” (18%) ou péssimo (23%) por quatro em cada 10 brasileiros (41%). Seis em cada 10 entrevistados afirmaram que ele atua em favor dos bancos, e 57% afirmam que o ministro é controlado pelos bancos privados. Ele também é visto como incompetente (52%) e corrupto (50%).
“Esse governo foi eleito para atender aos interesses do grande capital nacional e internacional. Absolutamente tudo o que fizeram desde o primeiro dia de mandato foi exatamente atender a esses interesses da burguesia rural, das poucas famílias que controlam o sistema financeiro, e das petroleiras norte-americanas”, criticou o jurista e doutor pela Universidade de Harvard Adilson José Moreira, em uma live do ICL.
Corroborando as impressões populares, no terceiro trimestre deste ano, o lucro líquido de Itaú, Bradesco e Santander totalizou R$ 17,886 bilhões, alta anual de 28,5%. O lucro dos três maiores bancos do país somou R$ 51,79 bilhões no acumulado de janeiro a setembro – alta de 46,1% em relação ao mesmo período de 2020. Com o resultado, os grandes bancos privados retomam níveis próximos aos de antes da pandemia.
No último domingo (12), Guedes disse que “nunca prometeu que o Brasil iria continuar crescendo em V”. “Colocamos o Brasil de pé, isso é V. Vamos entrar no futuro”, jurou em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, sem descrever em detalhes que “futuro” seria esse.
Para o economista Claudio Considera, coordenador de projetos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), “não haverá nem V nem W, mas uma economia estagnada, com investimentos que não decolam e inflação de dois dígitos”.
“O que temos, na verdade, é uma economia que cresceu pouco em 2018, pouco em 2019 e entrou em recessão em 2020″, afirmou ao Correio Braziliense. “As projeções de crescimento são muito baixas. Esta economia estagnada junta-se à inflação e ao desemprego, e não há nenhuma perspectiva de recuperação das taxas anteriores a curto prazo”, antecipou.
Redação da Agência PT