Bolsonaro e a farsa da PEC Kamikaze

Deputado José Guimarães. Foto: Gabriel Paiva

(*) José Guimarães

O governo Bolsonaro, durante três anos e meio, abandonou o povo brasileiro, trouxe de volta a fome, a inflação, a miséria e a desesperança. Mas agora, às vésperas da eleição, resolveu fazer demagogia tentando comprar votos com benefícios que a população brasileira sabe serem temporários e puramente eleitoreiros. A PEC Kamikaze (Proposta de Emenda à Constituição – PEC 1/22) – tem um impacto financeiro de R$ 41,2 bilhões e, como não tem sustentação fiscal, pode se transformar numa bomba atômica contra o povo brasileiro mais à frente.

Antes de mais nada, é preciso assinalar que o PT, junto com os aliados da oposição, é a favor da ampliação dos benefícios sociais para R$ 600,00 neste momento de grave crise. Aliás, essa posição foi manifestada logo no início da pandemia de Covid-19. Naquele momento, Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200,00 de auxílio emergencial, mas a oposição no Congresso Nacional, com a ajuda do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conseguiu aprovar o auxílio no valor três vezes maior do que o defendido pelo ex-capitão.

O PT e as agremiações de oposição são solidários à população brasileira, e jamais poderiam se omitir neste momento grave em que a fome atinge 33 milhões de pessoas e mais de 100 milhões em insegurança alimentar. Portanto, o voto a favor da PEC significa um ato de humanidade e solidariedade, postura ignorada por Bolsonaro em suas ações genocidas e irresponsáveis, as quais tenta acobertar agora com oportunismo eleitoral, mesmo ferindo frontalmente a legislação, que proíbe criar benefícios em ano de eleições.

Nossa bandeira é a consolidação do Bolsa Família, destruído por Bolsonaro com o chamado Auxilio Brasil, que é temporário e sem as condicionalidades do estratégico programa inaugurado pelo ex-presidente Lula. O Bolsa Família condicionava os benefícios ao cumprimento de compromissos na saúde, educação e assistência social. Nosso objetivo, no governo Lula, além de resgatar o Bolsa Família, é incluir os 24 milhões de pessoas que Bolsonaro excluiu dos benefícios, ao reduzir para apenas 17,5 milhões o número de beneficiários que recebem o Auxílio Brasil.

A PEC Kamikaze é eleitoreira e uma bomba fiscal. A sociedade brasileira deve ficar atenta. Não se diz de onde virá o dinheiro dos benefícios que começam a ser concedidos às vésperas das eleições, portanto estão furando o teto de gastos, numa total irresponsabilidade fiscal, social e econômica. A conta terá de ser paga depois, mas não se sabe como. Os pobres, mais uma vez, deverão pagar a conta pela irresponsabilidade de Bolsonaro.

O oportunismo do governo militar conduzido por Bolsonaro está diretamente ligado ao desespero diante das pesquisas eleitorais que colocam Lula na dianteira do pleito presidencial. O povo percebe que o Brasil está à deriva, sem investimentos, sem empregos, inflação galopante, milhares de obras paradas, corrupção, ataques à educação, à saúde, ao meio ambiente e um sem número de retrocessos nas políticas públicas.

A ampliação do valor dos benefícios sociais, incluindo os R$ 1 mil para caminhoneiros, recursos extras para o vale-gás de cozinha e ajuda a taxistas inserem-se num cenário de tentativa de enganação sob a fachada de um suposto Estado de Emergência até o dia 31 de dezembro. Ora, se utilizam dos preços dos combustíveis para justificar as medidas, por que não se muda a política de paridade de importação da Petrobras, que dolarizou os preços dos combustíveis no Brasil? Por que não reduzir os astronômicos lucros da empresa? Mas esses temas são tabus para o governo Bolsonaro, que tenta arrumar falsos argumentos para justificar sua incompetência e inapetência para o trabalho.

Não custa nada lembrar que Bolsonaro sempre foi contra o Bolsa Família. Em agosto de 2010, por exemplo, disse que o programa seria uma espécie de moeda de troca, a fim de comprar votos no Nordeste. No ano seguinte, disse que “Bolsa Família nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda, para que use seu título de eleitor e mantenha quem está no poder”. Em 2012, repetiu que era para comprar votos e disse que as pessoas não trabalhavam para não perder o benefício. Em 2017, em um evento em Barretos (SP), disse: “Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para a demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto”

Nossa bancada é favorável aos benefícios, mas extremamente contrária à formula do procedimento. É um absurdo reconhecer Estado de Emergência com data para iniciar e data para terminar, no meio de um processo eleitoral. Abre-se caminho na Constituição para qualquer governante usar essa mudança para fazer o que quiser para se reeleger. Além do mais, fica evidente a tentativa de enganar o povo brasileiro, transferindo ao Congresso Nacional o crime eleitoral que o governo pratica. Bolsonaro é um hipócrita, incompetente que defende armas como sinônimo de paz, prioriza o fuzil em vez do feijão e do arroz na mesa dos brasileiros.

(*)José Guimarães é deputado federal (PT-CE) e vice-presidente nacional do partido.

Artigo publicado originalmente na Revista Fórum.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex