O governo sem voto de Michel Temer (PMDB) não entregou o que prometeu e a economia do país não deslancha, indicam números do Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com expectativas de 120 bancos e instituições para os principais indicadores econômicos. Apesar de aplaudida pelo “mercado”, a estratégia do golpista e de sua equipe econômica só faz piorar as perspectivas econômicas do País.
Na última segunda-feira (14), o boletim apontou queda de 3, 37% no PIB para o ano que vem, uma piora em relação à expectativa de queda de 3,31% da semana passada. Foram seis quedas consecutivas desse indicador. Outro indicador que piorou foi a perspectiva para produção industrial, que caiu de -6% para -6,06%.
O Banco Central também divulgou novos índices nesta quinta-feira (17) que confirmam que o País ainda não conseguiu sair da recessão e que a economia brasileira permaneceu em contração no terceiro trimestre deste ano. O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, teve retração de 0,79% de julho a setembro, na comparação com o trimestre anterior. Esse foi o sétimo trimestre seguido de queda no nível de atividade. Os números mostram ainda que o “encolhimento” da atividade no terceiro trimestre deste ano foi maior do que o registrado de abril a junho – quando houve uma queda de 0,42% no indicador.
Na avaliação do deputado Enio Verri (PT-PR), integrante da Comissão Mista de Orçamento, o governo sem voto de Michel Temer, aliado com o mercado financeiro, armou um golpe de Estado com a falsa promessa de retomada do crescimento. “Para arrancar do poder uma presidenta legitimamente eleita vendeu-se a expectativa de fim da crise econômica mas, no mundo real, eles só estão pagando a conta do golpe e muito pouco foi oferecido para setores fundamentais como a agricultura e a indústria”, lamentou.
Ainda, segundo Enio Verri, nem mesmo as ações do governo ilegítimo que favorecem o grande capital, em especial o estrangeiro, foram suficientes para motivar o setor produtivo e os empresários. “Ao contrário, medidas como a que desobriga a Petrobras de ser operadora exclusiva do pré-sal ou a que congela gastos públicos por 20 anos (PEC 241/PEC 55) só aprofundaram a crise. Ou seja, os golpistas venderam uma saída que não conseguiram entregar”, afirmou.
Ato de fé – Para o economista Guilherme Melo, da Fundação Perseu Abramo, Temer e seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acreditaram em uma espécie de “ato de fé” econômico. A teoria era de que anunciando um projeto de austeridade, como a PEC 55/PEC 241, dentre outros cortes orçamentários, a confiança dos empresários seria retomada, os investimentos voltariam e a economia cresceria.“A medida não bastou. Para que o empresário volte a investir, é preciso uma perspectiva de demanda e de rentabilidade e a demanda na economia brasileira desapareceu”, explicou Guilherme Melo.
Apesar de ter expandido o déficit público, Temer não aumentou os investimentos do setor público e nem baixou os juros, que seriam possíveis motores. Com o aumento do desemprego, o consumo das famílias e o investimento privado, outras duas possíveis fontes de demanda também caíram. As concessões não deslancharam e o setor externo (exportações), que era um fator de otimismo no início do ano, voltou a apresentar queda com a recente valorização do real.
“Não tem demanda e o empresário não vai investir só porque gosta do governo”, afirmou o economista. “O investimento público está ideologicamente bloqueado porque o atual governo não quer que o Estado esteja à frente do processo de investimento. É a ideia do Estado mínimo que está minando a possibilidade de retomada, analisou Guilherme Melo.
PT na Câmara, com Agência PT de Notícias
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