“Os excessos que foram cometidos e que estão sendo cometidos no caso do ex-presidente Lula da Silva, que são hoje conhecidos internacionalmente e por último agora essa advertência do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que é lamentável, mostra que efetivamente há violações graves aqui no Brasil em relação ao próprio direito eleitoral”, afirmou o sociólogo português Boaventura Sousa Santos, em entrevista à coluna de Maria Carolina Trevisan, no site UOL.
O sociólogo e jurista português Boaventura de Sousa Santos fez uma análise sobre o momento político em que o País se encontra pós golpe de 2016 e criticou duramente os ministros do Supremo pela parcialidade que estão tratando o caso de Lula. Defensor da liberdade de Lula, ele visitou o ex-presidente nesta quinta-feira (30), em Curitiba.
Boaventura destacou, na entrevista, a polarização na sociedade que está em evidência, uma espécie de reação aos desmontes que o País vem sofrendo, com a destruição de conquistas que foram realizadas pelos governos do PT. “Tudo isso tinha sido feito sem grande resistência de parte da população e isso me preocupava”, afirmou.
A perseguição contra Lula, em conjunto com toda a solidariedade internacional que ele vem recebendo, o fato da mídia brasileira tentar apagar o ex-presidente e as políticas restritivas que causam consequências diretas à população é o que está despertando essa resistência, segundo Boaventura.
“Com o aumento do desemprego, a desestabilização da economia, que vinha de antes, e que de certa maneira se agravou, a situação da educação e das universidades, o aumento do racismo, as ocupações militares que estão em curso no Rio a violência institucional, se criou um grande distanciamento em que o melhor símbolo é a taxa de popularidade – ou de impopularidade – sem precedentes do presidente Temer, que foi realmente o grande arquiteto e o principal beneficiário, durante um tempo, desse golpe”, declarou.
Boaventura esclareceu também que o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de cumprir seu papel de garantir direitos. “No momento em que o poder político começa a ser instável, que o poder político hegemonizado pelos partidos de esquerda começa a ser posto em causa, em que não há uma mobilização de base em sentido contrário muito organizada, o tribunal cede de uma maneira perdulária quase, eu diria, ridícula, às pressões de cima e se transforma em um tribunal dependente daquilo que pensa ser uma maioria”. Ou seja, o tribunal se propõe a agradar uma parcela de pessoas em detrimento de outras, para de ser imparcial, não efetua seu trabalho de fato.
Da Agência PT de Notícias