Os diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Wagner Bittencourt (vice-presidente) e Luciene Machado (comércio exterior) foram categóricos em reiterar, nesta terça-feira (1º) que as operações realizadas pelo banco em relação à construção do Porto de Mariel, em Cuba, seguiram todos os critérios, regras e normas estabelecidas pela instituição. Funcionários de carreira do banco, os diretores rebateram as ilações veiculadas nos órgãos de imprensa e reproduzidas pelos parlamentares de oposição sobre ingerência política nesta operação. As afirmações foram feitas em audiência da CPI do BNDES que investiga supostas irregularidades nos contratos da instituição no período de 2003 a 2015.
“O Porto de Mariel é uma operação que passou por todos os ritos de avaliação de risco e deliberação colegiada. O BNDES atua por intermédio de procedimentos com os quais atuo há 17 anos. São equipes distintas de técnicos que analisam os créditos. Isso faz com que a operação de crédito não sofra tráfico de influência. A nossa assertiva é que não houve e não há trafico de influência em nossos contratos”, assegurou Luciene Machado.
Essa assertiva foi dada em resposta ao relator José Rocha (PR-BA), que se valeu de matérias jornalísticas, em especial a da revista Época, para inquirir os depoentes. Na reportagem a revista sugere que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva atuou junto ao banco para liberar recursos para a construção do porto cubano.
“Tráfico de influência é impossível. São mais de 50 técnicos que participam da decisão. Essa é uma informação improcedente. Não existe isso no BNDES”, afirmou Wagner Bittencourt. A cerca dos questionamentos sobre o prazo estabelecido para a conclusão da obra do porto, o vice-presidente da instituição disse que o prazo estipulado foi compatível com o investimento do porte de Mariel.
Em relação à denúncia de tráfico internacional de influência que a revista Época imputa ao ex-presidente Lula, Wagner Bittencourt reitera que o BNDES opera no mercado interno e externo e que todas as operações realizadas são impessoais, requerem pareceres técnicos e passam por decisão colegiada. “O banco não afirma algo desse tipo”, criticou Bittencourt, se referindo às ilações feitas pela reportagem.
O segundo vice-presidente da CPI, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) condenou o uso político que parlamentares da oposição fazem do colegiado. Para ele, a oposição transformou o plenário da comissão em palanque eleitoral e para disputas meramente políticas.
“Os diretores do BNDES afirmaram, mais uma vez, que não houve interferência politica ou ingerência do ex-presidente Lula na atuação do banco nas operações de exportações de bens e serviços brasileiros em obras de infraestrutura em Cuba. As acusações contra Lula de tráfico de influência são infundadas e desmentidas por técnicos do BNDES”, afirmou Zarattini.
Benildes Rodrigues
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