Foto: Gustavo Bezerra
O diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Júlio Cesar Raimundo, afirmou nesta terça-feira (15), na Câmara, que a instituição já está tomando providências para anular a participação da instituição no capital societário do frigorífico Independência, ocorrido em 2008. Segundo o executivo, o BNDES e outras instituições bancárias foram ludibriados com falsos balanços apresentados pela empresa para captar recursos financeiros.
O frigorífico Independência entrou com pedido de recuperação judicial, meses após o braço de investimento do banco, BNDESPar, entrar como sócio minoritário da empresa. De acordo com Júlio Cesar Raimundo, apenas a primeira parcela do aporte da empresa (R$ 250 milhões) foi pago, mas já existe uma ação na Câmara de arbitragem da Bolsa de Valores para anular a sociedade.
“O frigorífico se destacava no relacionamento com o mercado financeiro, inclusive por ter feito duas emissões de bônus internacionais, o que dava certa chancela a suas operações. Além disso, a empresa fazia auditorias independentes e publicou balanço financeiro aprovado sem ressalvas no ano de 2007. Foram nesses elementos que o BNDES baseou sua decisão de investir na empresa”, explicou o diretor da instituição.
Para exemplificar a sofisticação da fraude, o diretor do BNDES disse ainda que o Frigorífico Independência conseguiu até empréstimo internacional dias antes de entrar em recuperação judicial. “Poucos dias antes, a empresa anunciou recompra de títulos externos de sua própria emissão, e inclusive bancos internacionais operando no Brasil anunciaram empréstimos de R$ 300 milhões para a empresa sem notar nenhum problema”, afirmou Júlio Cesar Raimundo.
Motivação – O diretor do BNDES destacou ainda que o braço acionário da instituição, o BNDESPar, tem como função “desenvolver o mercado de capitais e promover as boas práticas de governança corporativa em empresas promissoras”. Essas participações acionárias, segundo ele, são minoritárias e trazem ganhos para o banco.
“A carteira de participação do BNDESPar atualmente chega a 92 bilhões, com participação em 330 empresas”, disse. Segundo Júlio Cesar Raimundo, o lucro obtido com essas participações ajudam a instituição a ofertar empréstimos com juros reduzidos a centenas de outras empresas.
Presente à audiência pública, o deputado Bohn Gass (PT-RS) disse que as explicações do diretor do BNDES esclareceram os motivos que levaram o banco a investir na empresa. “O BNDES explicou aqui a lógica do investimento, que foi baseado em medidas específicas para desconcentrar os investimentos realizados pela instituição, e trouxe a tranquilidade de que o BNDES protege os recursos investidos pelo banco”, destacou.
Heber Carvalho