Agora, sob o comando tucano que integra o governo golpista, a política elitista do BNDES está sendo retomada. Prova disso é que os desembolsos para as regiões Norte e Nordeste caíram 62% em 2016. “Esse resultado do BNDES em 2016 é uma demonstração de que o golpe veio para aprofundar as desigualdades sociais, oferecendo para a sociedade e para o setor produtivo a recessão econômica”, afirma o senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado. O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), sempre cobrou um olhar amplo da instituição, devendo não se concentrar apenas nas regiões Sul e Sudeste, mais desenvolvida.
Recuperação econômica para os integrantes do governo golpista só existe nas planilhas. Na vida real, os indicadores divulgados diariamente comprovam que a economia vai mal. Pior do que isso, só a estratégia do governo Temer de acabar com a política de desenvolvimento inaugurada por Lula a partir de 2003 quando empoderou o BNDES. Agora, sob a presidência da tucana Maria Silvia Bastos, a instituição passa a ser apenas um banco qualquer, sem musculatura e sem política, abandonando o significado das letras DES, de desenvolvimento econômico e social.
Em 2016, o total de desembolsos do BNDES foi de R$ 88,3 bilhões. Essa notícia está nos jornais de hoje, onde alguns encobrem a verdade e apontam que esse volume foi suficiente para os setores produtivos. Uma mentira deslavada, porque foi o desempenho mais fraco desde que a série histórica foi iniciada, em 1996, exatamente durante o governo neoliberal de FHC.
Vale lembrar que Lula pegou o BNDES e logo em 2003 o montante de desembolso foi de R$ 33,1 bilhões, 6,4% acima do volume de 2002. De lá até janeiro de 2015, sob o mandato de Dilma Rousseff, o BNDES desembolsou mais de R$ 175 bilhões para a indústria, comércio e serviços. Lula sempre repete o mantra de que a retomada da economia só é possível com a indução do investimento pelo Estado, e o BNDES cumpria essa missão, principalmente para as regiões Norte e Nordeste.
A política inclusiva e distributiva dos investimentos do BNDES finalmente vingou para essas regiões. Em 2005, implantou o sistema de financiamento por microrregiões e não mais por grandes áreas e segmentos. A partir de 2009, para minimizar os efeitos crise econômica mundial, optou por uma política anticíclica, coordenada pelo governo Lula, com o BNDES ajudando os 27 estados brasileiros com financiamentos em áreas estratégicas de infraestrutura que geraram milhões de empregos. Como resultado, tais regiões verificaram o efeito positivo com o crescimento econômico, a manutenção da renda e do bem-estar social.
PSI cai 86% – Todos os setores foram prejudicados pela gestão tucana no BNDES, em atendimento à política de desmonte do governo Temer. O Programa de Sustentação do Investimento (PSI), lançado em 2009, operado pelo BNDES e pela Finep, por exemplo, registrou queda de 86% dos desembolsos em 2016 na comparação com 2015.
Esse desmonte do BNDES é confirmado pelo economista tucano e hoje superintendente da instituição, Fábio Giambiagi, quando ele revela que não há expectativa de se retomar ao patamar de R$ 100 bilhões desembolsados como se experimentou a partir de 2009.
Para a economista Esther Dweck, o BNDES começou a andar na contramão. “Todos os países defendem políticas de subsídios para incrementar a indústria nacional. O BNDES está fazendo o contrário”, denuncia. O fato é que os números do banco comprovam o que Esther afirma: o desembolso para o setor químico e petroquímico caiu 54% em 2016 ante 2015.
E a atual política de desmonte de Temer deverá ser notada em outros setores por causa do fim da política de conteúdo nacional. O aumento das importações de máquinas e equipamentos vai quebrar setores como o da indústria mecânica e de metalurgia; de celulose e papel, de alimento e bebidas. O desembolso para a indústria mecânica e de metalurgia, em 2016, por exemplo, caiu 31% e o setor de infraestrutura, como um todo, registrou queda de 53%.
Marcelo Antunes – PT no Senado