O líder do PT na Câmara, Paulo Lula Pimenta (PT-RS), rebateu nesta terça-feira (19) os ataques do site direitista O Antagonista e de grupos de extrema-direita à instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar esquemas de venda de proteção em delações premiadas por parte de advogados e delatores no âmbito da Operação Lava Jato e em investigações anteriores.
“O Parlamento deve exercer seu papel constitucional e não aceitar pressões, ainda mais de um site que está a soldo não se sabe de quem e espalha mentiras dizendo que a CPI seria contra a Lava Jato”, disse o líder.
Paulo Pimenta criticou deputados que assinaram o requerimento para instalar a CPI e agora, “acovardados”, por pressão dos direitistas, de grupos ligados a procuradores e juízes que comandam a operação, se pronunciam contra a iniciativa. “Ou o Parlamento se afirma enquanto instituição e os parlamentares honram seus mandatos, ou vamos dar recibo de covardia institucional”, afirmou Pimenta.
Mão longa do MP – Pimenta estranhou a preocupação com a CPI expressada pelo site direitista O Antagonista, que serve como “uma espécie de mão longa do Ministério Público que em Curitiba atua na Lava Jato”. Os ataques que membros do MP não poderiam fazer ao Parlamento foram terceirizados ao Antagonista, na opinião de Pimenta. Só nesta terça-feira, foram mais de 60 posts contra a CPI, muitos em tom de ameaça a parlamentares.
No twitter, o líder do PT escreveu: “Qual o medo do @o_antagonista em a Câmara investigar as delações da Lava Jato? Será que eles têm algo a esconder? O que sabemos é que o Diogo Mainardi [jornalista] foi citado por um executivo da Odebrecht em delação envolvendo Aécio Neves. Eles estão com medo do que o Parlamento possa descobrir?”.
O requerimento da CPI foi protocolado na Casa no dia 30 de maio, e não há mais como os deputados retirarem as assinaturas de apoio. O pedido, encabeçado pelos líderes Paulo Lula Pimenta (PT-RS), Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), André Figueiredo (PDT-CE), José Rocha (PR-BA), Orlando Silva (PCdoB-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Weverton Rocha (PDT-MA) e José Lula Guimarães (PT-CE), é assinado também por mais 181 parlamentares. A instalação da CPI só depende do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Pimenta observou que a CPI não é contra a Lava Jato e a qualquer instituição que dela participa, como a Polícia Federal ou o Ministério Público. O objetivo é único e exclusivamente investigar a chamada indústria da delação, num esquema criminoso em torno da Operação Lava Jato, explicou Pimenta. Segundo o parlamentar, trata-se de uma articulada estrutura de “venda de proteções, em relações subterrâneas entre juízes, procuradores e advogados”.
“O Brasil tem discutido tantas iniciativas de combate à corrupção e o Parlamento não pode se eximir agora de investigar grandes escritórios de advocacias e, eventualmente, agentes públicos, envolvidos em esquemas suspeitos num mercado de delações”, destacou Pimenta. Para ele, é vergonho parlamentares aceitarem ameaças de grupo direitistas e do site Antagonista. “Na história, ou se entra de cabeça erguida ou pela porta dos fundos, não se pode acovardar”, alertou.
Taxa de proteção – O ponto de partida para a CPI são as delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio de Souza, integrantes do esquema comandado por Dario Messer, chamado de “doleiro de todos os doleiros” e que se encontra foragido. Em suas delações, ambos acusam o advogado Antonio Figueiredo Basto, um dos maiores especialistas do País em colaborações premiadas, de cobrar uma “taxa de proteção” de US$ 50 mil mensais (cerca de R$ 185 mil) de outros integrantes do esquema entre 2005 e 2013.
O dinheiro, segundo pessoas que acompanham o caso, seria para proteger outros participantes de futuras delações, conforme matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Para Pimenta, as denúncias que surgiram sobre a venda de “proteção” em delações premiadas são “muito graves” e precisam ser investigadas. “As delações são um instrumento novo. As denúncias que surgiram são muito graves, não são pequenas. Pessoas pagas para não serem delatadas? Isso é gravíssimo”, frisou.
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Leia a íntegra do requerimento por intermédio do link abaixo:
PT na Câmara