A Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara debateu em audiência pública, nesta quarta-feira (11), os blecautes que ocorreram em vários estados do Nordeste nos últimos meses. Representantes de diversos órgãos do setor abordaram o tema e responderam às indagações dos parlamentares.
Questionado sobre a possibilidade de repetição dos blecautes, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o risco é pequeno porque os reservatórios das regiões Sul e Sudeste estão normais e o período de chuvas começa em um mês e meio.
Já o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, garantiu a agilidade e a segurança do sistema para responder a apagões, mas reconheceu que regiões como o Nordeste ainda podem ampliar e melhorar a estrutura. Chipp defendeu que essa região seja a próxima a operar com garantia dupla contra falhas. No caso do blecaute no dia 28 de agosto, Chipp disse que o sistema funcionou como previsto, mas não pôde resistir a duas quedas de linhas de transmissão depois da ocorrência de queimadas no Piauí.
O diretor do ONS informou que o tempo de religação do sistema após o blecaute ficou em torno de três horas. “É duro a gente dizer num momento desses, pois nos orgulhamos do estágio em que está o País, em primeiro lugar em termos de tempo de recomposição. Quer dizer, feito o estrago, entre 3 horas e 3 horas e meia, 90% da carga já estava restabelecida”, afirmou Chipp, que citou um blecaute semelhante, ocorrido em 2011, que levou 5 horas para ser contornado.
O deputado Jesus Rodrigues (PT-PI) considerou a audiência muito positiva e disse confiar na segurança do sistema, mas alguns problemas pontuais precisam ser solucionados. “Comparando com outros países, até com países ricos, como os Estados Unidos, podemos ver que o nosso sistema de geração e distribuição de energia é seguro e consegue solucionar de forma rápido eventos como os blecautes. Entretanto, precisamos aperfeiçoá-lo ainda mais para que não tenhamos problemas como os que ocorrem no Piauí, por exemplo, que sofre interrupções no fornecimento com uma frequência acima do normal”, pontuou Rodrigues, que informou que a bancada piauiense terá reunião na próxima semana com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.
Referindo à oposição conservadora, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) criticou aqueles que politizaram a questão e fizeram “denúncias” equivocadas. “Alguns acham que a maneira de enfrentar o problema é fazer uma ‘denúncia’, como fizeram alguns deputados da oposição, que pediram até a cabeça de dirigentes da Chesf, que não teve relação direta com o blecaute. Mas, por ironia do destino, a empresa que gerou esse problema é ligada à Cemig, que é administrada pelo governo do PSDB em Minas Gerais”, afirmou Ferro.
O deputado pernambucano, porém, rechaça esse modo de lidar com a questão. “Se fôssemos usar essa forma simplista de denunciar uma empresa, teríamos que reclamar com a Cemig, que não está fazendo direito o seu serviço. Mas a questão não é essa”, argumentou Ferro.
Fernando Ferro citou ainda o apagão durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, que gerou um prejuízo de R$ 45 bilhões e obrigou boa parte do país a fazer racionamento devido à incapacidade do sistema de responder à demanda de energia, “por falta de planejamento” do governo tucano.
Rogério Tomaz Jr.