Foto: Salu Parente/PT na Câmara
O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) ocupou a tribuna da Câmara nesta segunda-feira (1) para defender a democracia, uma reforma política efetiva e uma maior participação dos cidadãos nos rumos da política brasileira. “Para construir uma democracia que não seja meramente o ato de votar, mas o ato de participar”, disse. Para Berzoini, as manifestações dos últimos dias revelam o desejo de um povo de construir um futuro muito melhor do que temos hoje. No entanto, disse, é preciso estar atento para os apologistas da não democracia.
“É verdade que temos largos setores nas ruas que têm compromisso e desejo de democracia, mas é verdade também que alguns entraram na mobilização justamente para fazer apologia da não democracia”, alertou.
Berzoini condenou a apologia da desestabilização das instituições, com críticas inclusive ao Congresso Nacional, “como se esta Casa não fizesse nada”, lamentou. “Não sou daqueles que acreditam nisso. Eu acho que essa Casa representa a sociedade brasileira”, defendeu. “Tive a paciência de consultar quais foram as leis aprovadas nos últimos três anos e fiquei feliz porque confirmei que essa Casa produz trabalho de qualidade e com compromisso nacional”, afirmou.
Ponderou por outro lado o deputado que o sistema político brasileiro é de difícil visibilidade para o eleitor. Ele defendeu maior nitidez no sistema para que o cidadão comum possa avaliar quais são as propostas, quais são os candidatos, quais são os eleitos e quais são aqueles que traem a confiança do povo. Para o deputado, a presidenta Dilma Rousseff acertou quando propôs a convocação de um plebiscito.
“O povo deve decidir se quer dinheiro privado ou não nas campanhas eleitorais; se quer voto em lista, distrital, distrital misto ou se quer permanecer como está; se quer continuar com coligações partidárias proporcionais ou se quer um processo que permita um sistema político que efetivamente preserve seus compromissos com o voto do eleitor”, defendeu. O deputado enfatizou a importância de se estabelecer um financiamento de campanha que afaste o capital privado e os interesses empresariais do centro de decisão. “Principalmente pela sensação geral de que somos patrocinados pelas grandes organizações e com elas teríamos compromissos inconfessáveis perante o povo brasileiro”, asseverou.
Ainda, para o parlamentar é preciso descontaminar a relação entre representante do povo e interesses empresariais. “Caso contrário, o parlamento e o conjunto da política brasileira estarão sujeitos a interpretações que ferem a nossa dignidade e a nossa capacidade de bem representar o povo brasileiro”, alertou.
O deputado defendeu ainda o debate sobre outras questões que considera importantes. “Por exemplo, faz sentido no século XXI termos mandato de senador de oito anos?”, questionou. Ele defendeu também o fim da figura do suplente de senador.
Berzoini chamou a atenção ainda em seu discurso para outros temas que afligem a população. “Não poderemos ficar na superficialidade dos meios de comunicação. Hoje a população percebeu que pode ter emprego e pode ter renda e não aceita mais ir no posto de saúde e ser tratada com desdém, hoje o professor não aceita mais ganhar um salário de fome, assim como os pais e os alunos não aceitam mais uma educação de baixa qualidade”, disse.
“Que bom!”, finalizou Berzoini. “É por isso que nós podemos avançar mais e superar alguns obstáculos que paralisam nossa democracia”, concluiu.
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Jonas Tolocka