Em duro discurso feito na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (7), a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) denunciou a ação de seus opositores que tentam macular a sua trajetória de vida e luta, a partir de uma edição rasteira de um vídeo, contendo trecho pinçado de um discurso que ela fez em um seminário organizado pela bancada do Partido dos Trabalhadores. Segundo a deputada, citação bíblica por ela utilizada foi usada fora do contexto, de forma desleal, para prejudica-la.
“A passagem bíblica de Hebreus 9:22, foi usada totalmente fora do contexto, como se eu fosse uma pessoa irresponsável e tivesse incitado as pessoas a pegarem em armas e derramar o seu sangue. Eu jamais concordaria com tal atitude”, refutou Benedita da Silva.
Observou a deputada que o fato lamentável da qual foi vítima, revela o retrato do país do golpe. “Mesmo na luta e defesa constante do nosso País, a onda de intolerância e desrespeito deturpam e manipulam as nossas ações e palavras. Pois foi justamente isso o que ocorreu comigo”, lamentou.
Explicou Benedita, que o Livro de Hebreus ensina que, de fato, de acordo com a lei, quase tudo é purificado com sangue. Ela esclareceu o que diz o capítulo 9, versículo 22 – da passagem bíblica. “Não havendo derramamento de sangue, não há remissão”, diz a bíblia.
“A morte de Cristo, que foi oferecida uma vez por todas, em sacrifício, para tirar os pecados de muitas pessoas (Capítulo 9,28), nos serve de consolo e nos motiva a continuar na luta quando vemos pessoas inocentes, como a irmã Dorothy, assassinadas por defender os trabalhadores sem-terra”, citou Benedita da Silva o assassinato brutal da missionária religiosa que atuava no estado do Pará em defesa dos trabalhadores rurais.
Ainda, lembrou a deputada, o Brasil passou a sentir os “cruéis efeitos” do estado de exceção provocado pelo golpe parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Rousseff eleita legitimamente pelo povo brasileiro.
“Há uma justiça seletiva, que analisa com lupa convicções como se fossem prova cabal contra uma pessoa e ignora provas que não dependem de convicção contra a outra. Além disso, esse estado de exceção está levando para o ralo conquista históricas da classe trabalhadora”, criticou Benedita da Silva. “Apesar de toda esta crise e esta violência, o povo brasileiro merece continuar tendo esperança”, afirmou.
Benildes Rodrigues