Ao receber o Prêmio Bertha Lutz nesta quarta-feira (7), a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) fez uma convocação às mulheres brasileiras, para que elas se filiem a um partido político, que disputem as eleições e venham para o Congresso Nacional defender a soberania e a democracia brasileira. O diploma Bertha Lutz foi entregue em sessão solene, no Senado, em homenagem às mulheres que ajudaram a escrever a Constituição Cidadã brasileira, que completa 30 anos em outubro deste ano.
A deputada destacou que Bertha Lutz foi uma grande lutadora pelos direitos políticos das mulheres brasileiras, pela paridade. “E essa paridade só pode ser dada pelo povo, pelo voto, por isso, mulheres, se coloquem à disposição para lutar por essa igualdade em todos os lugares, por respeito às diferenças”.
Benedita da Silva não escondeu a sua emoção de reencontrar com as mulheres, algumas ainda em atividade parlamentar, que nos anos de 87 e 88 discutiram, apresentaram propostas, souberam ouvir a população brasileira e avançaram na garantia de direitos, de um modo muito especial, direitos para as mulheres. “Esse prêmio significa muito para mim. Ao longo do tempo temos homenageado com esse diploma pessoas que têm marcado a sua vida na luta das mulheres, na luta política. Essa homenagem dignifica nossa trajetória”.
A deputada agradeceu a indicação ao prêmio. Disse que poderia falar de cada uma das 26 deputadas constituintes. De como foi emocionante poder ter esse reencontro com aquelas que lutaram e fizeram valer os direitos do povo brasileiro, os direitos das mulheres. “Uma coisa importante da constituinte é que nela o Brasil se encontrou com ele mesmo”, ressaltou.
O Parlamento, relembrou Benedita, no período da Constituinte, recebeu mulheres do Brasil de norte a sul. “Eram trabalhadoras rurais, domésticas, intelectuais, negras, jovens, índias. Todas buscavam os seus espaços, os seus direitos. Eram pessoas que chegaram com as suas contribuições, com esperança, porque sabiam que esta Casa estava produzindo uma Carta na qual todos os cidadãos teriam os mesmos direitos, sendo homem ou mulher. Uma Carta na qual os direitos individuais e coletivos, estariam garantidos”.
A deputada aproveitou o momento para também fazer uma reflexão sobre o Brasil de hoje. “Estamos vivendo um conflito nesse momento em que comemoramos avanços e conquistas. O momento é sombrio, com a Constituição sendo agredida por um governo golpista. Os tempos são nebulosos, corremos o risco de retroceder naquelas conquistas que nós mulheres constituintes tivemos em relação às políticas de gênero, para as trabalhadoras, para as etnias, para a cultura. Temos grandes desafios pela frente”, alertou.
Vânia Rodrigues
Foto: Alessandro Dantas/PTSenado