Em pronunciamento feito na tribuna da Câmara na quinta-feira (5), a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) fez um paralelo entre o debate sobre corrupção e sonegação. Em seu registro a petista destacou a importância de o Congresso Nacional estar debatendo, nos últimos tempos, o combate à corrução. No entanto, ela fez questão de também registrar a entrevista de Jason Hickel, professor da London School of Economics, ao site Carta Maior que, segundo ela, revelou que a sonegação supera a corrupção e que este crime é típico de colarinho branco.
“A evasão fiscal é 25 vezes maior. No ano passado, cerca de US$ 1trilhão fugiram dos países em desenvolvimento e terminaram em paraísos fiscais”, diz Jason Hickel à Carta Maior.
Benedita disse ainda que tanto o professor quanto os técnicos do Banco Mundial chegaram à conclusão de que a principal razão do fenômeno da sonegação que permeia o mundo decorre da evasão fiscal. Para ela, essa prática ilícita também conhecido de “crime de ordem econômica” é pouco debatida no Congresso Nacional e, segundo ela, “muitas vezes, conta com a complacência de muitos daqueles que vivem cobrando ética e que dizem estar combatendo a corrupção”.
A parlamentar petista frisou que um ponto importante colocado pelo professor diz respeito as regras da Organização Mundial do Comércio. Essas regras, segundo o relato da petista, permitem aos exportadores informar apenas aquilo que convém nas suas declarações alfandegárias. Isso, permite a eles subavaliar os produtos e pagarem menos impostos. Para sustentar seu discurso, Benedita recorreu à máxima: “Onde há corruptos, há corruptores”.
HSBC– A abordagem da deputada reporta para o recente escândalo do HSBC, também conhecido como Suiçalão. O caso só veio à tona graças a um ex-funcionário do HSBC em Genebra, Herve Falciani, que entregou os dados sobre milhares de contas sigilosas do banco ao jornal francês Le Monde e ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ na sigla em inglês).
Os documentos revelam que o HSBC envolveu nesse esquema mais de 106 mil clientes – inclusive grupos suspeitos por tráfico de drogas e terrorismo – em 203 países entre 1988 e 2007. O montante revelado no esquema de sonegação ultrapassa a casa de 100 bilhões de dólares e, só no Brasil, gira em torno de 20 bilhões de reais.
Benildes Rodrigues