Benedita defende financiamento público para ampliar participação dos negros no Parlamento

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Foto: Gustavo Bezerra
 
A bancada federal eleita para a próxima legislatura é composta por 71% de homens brancos, segundo levantamento feito pelo sociólogo e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Luiz Augusto Campos. Entre os eleitos, 15% se declararam pardos e apenas 3,5%, negros. No caso das mulheres, elas representarão quase 10% da Câmara dos Deputados no início de 2015. No conjunto de parlamentares, as pardas serão 1,6% e as negras, 0,6%. Nenhum declarado indígena foi eleito. 
 
De acordo o professor da UERJ, a baixa representatividade desses grupos no Parlamento não reflete uma ausência de candidaturas entre esses segmentos. “Se a gente observa os dados disponibilizados pelo TSE, por exemplo, vemos que 43% dos candidatos eram homens brancos. Mas quando a gente vai para a composição da Câmara, esses 43% de candidatos se transformam em 72% de deputados federais eleitos”, calcula. 
 
Para Luiz Augusto Campos, algumas discussões no Parlamento são afetadas pela baixa representatividade de negros e mulheres no Legislativo. “Quando a gente observa um Parlamento que tem 0,6% de mulheres pretas, fica difícil acreditar que serão discutidos os problemas desse setor da população com a qualidade necessária. Esse setor fica relegado a uma situação totalmente, ou quase totalmente, excluída das discussões políticas”, analisa. Segundo o IBGE, as mulheres representam metade da população brasileira. Pelo Censo de 2010, 43% dos brasileiros se declararam pardos e 7,6%, negros. 
 
Reforma política – Reeleita para a próxima legislatura com mais de 48 mil votos, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) faz parte do 0,6% de mulheres negras na Câmara em 2015. Ela entende que, sem uma reforma política com financiamento público de campanha, será difícil ampliar a participação dessa faixa da população no Legislativo. “Os quadros existem, os negros estão aí, desde que haja condições financeiras de fazer em pé de igualdade a campanha que os outros fazem. Para quem levanta essas bandeiras, você não tem quem se interesse em contribuir com sua campanha. Pode achar muito linda sua história de vida, pode achar que é importante ter negros e negras, mas, quando é o financiamento privado, ele vai procurar dar recursos àqueles que o representam”, diz a deputada. 
 
Cotas – Além do financiamento público, o professor Luiz Augusto Campos sugere mudanças legais que introduzam cotas para negros entre as candidaturas registradas pelos partidos políticos, a exemplo do que existe para as mulheres.
 
Jornal da Câmara

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