De acordo com Benedita da Silva, a escritora Carolina de Jesus é um dos alguns personagens que os livros escolares não registram. “Poetas e contistas de ambos os sexos, espalhados por todo o Brasil, vêm escrevendo e publicando desde a década de 60, mas continuam quase completamente ignorados e silenciados. Um exemplo é Carolina de Jesus, que vivia a perambular pelas ruas de São Paulo, catando papéis para sua sobrevivência. Passou a escrever seu dia-a-dia, registrando suas dificuldades e lágrimas e tornou-se uma escritora de sucesso”, ressaltou.
A parlamentar petista discorreu sobre a vida de Carolina de Jesus, mineira de Sacramento. “Aos 33 anos, em 1947, mudou-se para a extinta favela do Canindé, na zona norte, e trabalhou como doméstica por alguns anos. Cansada de humilhações e baixos salários deixou os patrões para trabalhar como catadora de papel – cargo que exerceu até sua morte. Passou a dividir seu tempo entre catar papel, cuidar dos filhos e escrever. Seus escritos foram descobertos por um jornalista. Admirado com o que Carolina de Jesus escreveu, fez as revisões necessárias e conseguiu a publicação, resultando no livro Quarto de despejo”. “Carolina de Jesus deixou de ser catadora para distribuir pérolas literárias”, afirmou.
A obra, acrescentou a deputada Benedita da Silva, “é até hoje referência em estudos culturais, tanto no Brasil como no exterior. Essa obra resgata e relata uma face da vida cultural brasileira quando do início da modernização das cidades brasileiras e da criação de suas favelas.
Além disso, inspirou diversas expressões artísticas como letra de samba e adaptação teatral”, finalizou a petista.
Gizele Benitz