Belo Monte: mais energia limpa e segura – Fernando Ferro (*)

fferro_estrevistaMuita polêmica tem sido gerada em torno do projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Mas o fato é que o leilão ocorrido semana retrasada foi uma vitória do País, porque estamos diante do desafio de exploração dos nossos recursos hidrelétricos, que permitem o desenvolvimento nacional, com crescimento anual do PIB da ordem de 6%.
A iniciativa foi conduzida com determinação por um consórcio liderado pela Companhia Hidroelétrica de São Francisco (Chesf), atendendo à vontade do presidente Lula. Ao mesmo tempo em que valoriza o papel estratégico da Chesf, orgulho dos nordestinos, Belo Monte ainda desponta como alternativa de levar energia disponível na região Norte para suprir os centros urbanos do Nordeste.

Infelizmente, parte da oposição ainda tenta utilizar a questão com finalidades eleitoreiras, escondendo todas as cautelas tomadas pelo governo Lula para reduzir ao máximo as consequências ambientais e sociais de Belo Monte. Esses setores torcem para que ocorra um apagão, como o de 2001 do governo FHC, que tantos prejuízos provocou à população brasileira.

Ora, o mundo mudou, ou melhor, “o tempo passou na janela e só Carolina não viu”. Parece que o muro de Wall Street desabou na cabeça de tipos que estão desnorteados ou deliram pelos umbrais da crise de 2009. Na verdade, a intervenção do governo Lula foi necessária e decisiva para o leilão de Belo Monte acontecer, caso contrário seria a submissão à chantagem e à esperteza de certos grupos privados no setor.

Por outro lado, a maior parte das críticas atuais a Belo Monte baseia-se no antigo projeto, ignorando-se os muitos avanços feitos para minimizar os impactos da sua construção. Na nova versão, reduziu-se em 60% a área do reservatório da usina (agora, com 516 km2). É um dos menores índices de alagamento de uma usina de tal porte, que poderá gerar 11,2 mil megawatts, praticamente igual à de Itaipu.

O novo projeto também prevê a preservação das terras indígenas Arara da Volta Grande, Xingu e Paquiçamba, que antes seriam atingidas pela formação do lago. Há também a previsão de realocação de mais de 16 mil pessoas (4.362 famílias), que hoje vivem em palafitas nos igarapés de Altamira (PA). Outras 2.822 pessoas (824 famílias) serão reassentadas em área rural.

Nenhuma atividade geradora de energia de grande porte deixa de ter seu impacto ambiental. Mas as hidrelétricas são ainda as fontes mais limpas e são sustentáveis. Devemos evitar a ignorância ou má-fé na abordagem do tema. Há ainda os que, de maneira equivocada, sugerem opções supostamente mais ecológicas, como a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Ora, para gerar a mesma energia de Belo Monte, precisaríamos de cerca de 400 PCHs, com a inundação de uma área vinte vezes maior.

No caso de energia eólica, precisaríamos de 10 mil sítios geradores, com um fator de utilização muito menor do que a hidreletricidade. E ambas as alternativas têm também impactos na natureza. Não raro, a defesa de algumas modalidades de geração não conseguem esconder lobbies em favor de fabricantes de determinados equipamentos.

Quem é contra Belo Monte tem que dizer que é favorável à construção de usinas nucleares, de usinas térmicas e de outras alternativas que irão sujar nossa matriz energética, na contramão do que se fala em termos internacionais em relação ao combate à emissão de gás do efeito estufa.
A usina de Belo Monte é um empreendimento do maior significado para suprir as nossas necessidades energéticas. O País tem autonomia e autoridade para fazer o bom uso dos seus recursos energéticos. Não aceitamos lição de ninguém nesse aspecto, porque somos um País em que há a matriz energética mais limpa, mais adequada e mais sustentável do planeta.

Fernando Ferro é deputado federal pelo PT de Pernambuco e líder do partido na Câmara.

(Artigo publicado no jornal da Câmara do dia 3 de amio de 2010)

 

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