O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (PT-BA), afirmou, na tribuna da Câmara, nesta segunda-feira (10), que a base do governo ilegítimo e golpista de Michel Temer será responsabilizada pelo povo brasileiro se votar favoravelmente à proposta de emenda à Constituição (PEC 241/16), que congela os gastos públicos do governo federal pelos próximos 20 anos. Segundo Florence, quando os serviços públicos falharem, pela absoluta falta de recursos, a população saberá identificar os responsáveis pela catástrofe. O líder disse ainda que a bancada petista buscará, de todas as formas, obstruir e tentar barrar a aprovação da proposta.
“Os partidos da base vão ter que derrubar a obstrução e fazer o debate conosco. Vão ter que sustentar o ônus perante o povo brasileiro com o agravamento da crise e com a redução de serviços públicos. E cada contribuinte que não tiver acesso aos serviços públicos vai apontar o dedo para vocês (apoiadores da PEC 241), e nós também não vamos deixar que esse crime de lesa à humanidade passe incólume. Vocês vão pagar o preço eleitoral”, destacou Florence.
A afirmação do líder aconteceu durante o debate sobre a quebra de interstício para votação da PEC ainda nesta segunda-feira, como deseja o governo ilegítimo de Temer. O interstício é o intervalo estabelecido pelo regimento interno da Câmara para uma matéria ser votada no plenário. Na última sexta-feira (7) a sessão da Câmara foi derrubada por falta de quórum, o que poderia impedir a votação da PEC nesta segunda. Apesar da obstrução do PT e de outros partidos de esquerda, a base governista conseguiu aprovar a proposta de quebra.
Durante o discurso, o líder voltou a alertar à população sobre os retrocessos contidos na PEC 241.
“A PEC 241 está dizendo que cada trabalhador ou trabalhadora quando pagar o imposto não vai ter como garantia a prestação do serviço público na saúde, na educação, na assistência social, no FIES, no Garantia Safra, no Minha Casa, Minha Vida, no Luz para Todos ou no Água para Todos. O dinheiro recolhido para o pagamento de tributos será dividido para pagar os juros da dívida pública e o Estado de bem-estar social, montado a partir da Constituição de 1988, – e reforçado e consolidado na experiência dos últimos 13 anos- será desmontado em uma única canetada pelo presidente sem voto Michel Temer”, acusou.
Afonso Florence disse ainda que, além dos serviços públicos e das políticas sociais, direitos relacionados à previdência pública também estarão ameaçados com a aprovação da PEC. Ele alertou os servidores públicos também para o arrocho salarial contido na proposta.
“A PEC 241 vai proibir concursos públicos em todas as áreas do governo e restringir o gasto com os servidores públicos federais, promovendo o arrocho salarial no serviço público federal, e nos Estados, porque o governo quer também impor esse arrocho na negociação da dívida com os Estados”, afirmou.
Héber Carvalho
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