O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse nesta terça-feira (15) que a base do governo está unida e preparada para enfrentar um processo de impeachment, muito embora ele não tenha base legal e não possa ser concretizado “ao arrepio da Constituição”. “Vamos enfrentar isso de cabeça erguida e mostrar ao País que esse não é o caminho. O caminho é o da democracia, é o da legalidade democrática. É preciso superar isso para retomar o crescimento da economia brasileira”, disse Guimarães, após encontro dos líderes da base, ocorrido pela manhã, com o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo da Presidência da República.
O deputado afirmou que, apesar do reconhecimento da legitimidade das manifestações do último domingo, a sustentação de um impedimento se dá a partir de um fato determinado – o que não existe com relação à presidenta Dilma Rousseff. “Não se pode tirar um presidente ou um governador porque a oposição quer ou porque tem uma manifestação”, reiterou o líder do Governo.
Segundo Guimarães, a determinação é para garantir todo o rito do processo de impeachment estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Acredito que a unidade da base vai produzir efeitos na condução política dessa questão. Já que a situação está posta, estamos prontos para debater, para dialogar com toda a base, para conversar com cada deputado. Vamos vencer isso, virar essa página e sinalizar a retomada do crescimento da economia brasileira”, enfatizou.
Ele reiterou que qualquer tentativa de promover o impedimento da presidenta Dilma sem haver uma base legal se configura como uma ameaça à ordem democrática. “O Brasil tem uma Constituição e é sobre ela que todos devem agir, que todos devem praticar o direito, garantir as liberdades e zelar por todo o processo da legalidade democrática”.
Oposição – Em entrevista à tarde, Guimarães chamou a atenção da oposição para as consequências de uma postura que está “emparedando a economia brasileira” a partir de uma crise plantada dentro do Congresso Nacional. Embora tenha afirmado considerar que a oposição está no seu papel, disse que ela deveria fazer uma leitura mais aprofundada dos protestos do fim de semana.
“Não pelo tamanho das manifestações, mas pela criminalização da política e pela hostilidade a eles [membros da oposição] em várias partes do Brasil. É com isso que eles deveriam estar preocupados. Essa postura de ‘tudo ou nada’ é uma agressão, uma negação da política. E não tem saída para os problemas do Brasil se não for pela política. Essa negação é prejudicial à democracia”, avaliou o líder.
Acerca das denúncias divulgadas sobre Aloizio Mercadante, ministro da Educação, Guimarães afirmou que é preciso ter cuidado para não promover uma condenação com base apenas em uma delação. “O ministro Mercadante já deu uma coletiva explicando o que aconteceu e reafirmando que nunca prometeu ajuda financeira. Ele foi muito seguro e comunicou que está à disposição da Justiça e do Congresso para prestar qualquer esclarecimento”.
Lula – Guimarães foi questionado ainda sobre a postura da oposição de anunciar que tentará barrar na Justiça uma possível nomeação de Lula para o governo. “A oposição não tem o que fazer? Tudo tem que ir para a Justiça. Querem agora governar o Brasil? Era só o que faltava! A presidenta nomeia quem ela quiser. Era só o que faltava a oposição querer dizer o que a Dilma deve fazer ou não. Deveriam se preocupar com os governos que governam”, criticou.
PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra
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