A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, liderada pelo deputado Bohn Gass (RS), peticionou ação, nesta sexta-feira (13), junto ao Ministério Público Federal (MPF), em reação a mais uma tentativa de setores rentistas que aventam a possiblidade de “um golpe para evitar o retorno de Lula à Presidência da República em 2022”.
“Golpes não se combatem com mentiras, mas com a lei. Este ‘economista’ incitou o crime, cometendo, portanto, um crime. E precisa pagar por isso”, reagiu o deputado Bohn Gass se referindo à Victor Cândido, economista do Banco Santander e integrante da CAC Consultoria Política.
Líder Bohn Gass. Foto: Lula Marques
Golpe de Estado
Na ação também assinada pelos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e Alencar Santana (PT-SP), os propositores argumentam que Cândido distribuiu um relatório a clientes e operadores do Banco Santander, em que defende, “sem maiores preocupações, talvez substanciado nos exemplos diários que partem inclusive do chefe da Nação, um golpe de Estado no País, para evitar o retorno, pelas vias democráticas, que se avizinha, do presidente Lula”.
Os proponentes argumentam também que o conteúdo distribuído pelo economista da instituição financeira não pode ser ignorado por se tratar de “uma ameaça potencial daqueles que representam o capital nacional, como devem merecer grande repúdio e providências legais desse Ministério Público Federal”.
“O relatório enviado pelo representado é ultrajante, desrespeitoso, ofensivo. Viola flagrantemente o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, chocando-se, ademais, com o objetivo fundamental da Nação”, diz a petição.
Em um dos trechos do relatório destacado na ação, Cândido afirma: “Se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”.
Outro trecho do relatório compartilhado por Victor Cândido, utilizado pelos proponentes para sustentação da petição, o economista diz: “Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”.
A percepção da bancada petista é que “não se pode admitir como possível, que um profissional que representa uma das principais instituições bancárias nacional e internacional, que ocupa uma posição de influência econômica, possa vir a público ameaçar impedir a eleição, pela via democrática, do presidente Lula”.
Os propositores afirmam que foi aventando pelo representante do Santander, a possibilidade de apoiar um Golpe de Estado, “flagrantemente incompatível com direitos e garantias fundamentais, que num passado recente vitimou centenas de vidas e mutilou a ideia de Democracia que conduz as Nações prósperas e que se orientam no respeito da dignidade da pessoa humana”.
Providências
Com a representação, a Bancada do PT na Câmara cobra do MPF providências imediatas, com punições pertente à casos como esse que deixou a sociedade brasileira estarrecida.
“Ou os Poderes, instituições e autoridades fincadas sob os pilares constitucionais reagem, ou pessoas dessa extirpe, que representam outros com influência e poder econômico, se virão legitimados, em pouco tempo, para atropelar, como quiserem, a nossa frágil (ao que parece) democracia, construída após grandes lutas e sacrifícios de muitos, inclusive com a própria vida”, diz a representação.
“O Ministério Público Federal, instituição que cresceu e se legitimou nesse rastro de reconstrução do regime democrático reiniciado em 1988, não pode mais quedar-se inerte, alheio à importância e relevância de suas elevadas responsabilidades”, pondera os propositores.
Leia a íntegra da representação:
Representação criminal – Victor Cândido – Economista Santander – Apologia Ditadura Militar – 13.8.21
Benildes Rodrigues
