Em artigo publicado no site Linha Direta, do PT-SP, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) afirma que “dotar o Estado de política educacional, como esporte e cultura dentro da escola, é fundamental para criarmos novos paradigmas e marcharmos em direção à condição de potência econômica e cidadã”.
Leia abaixo a íntegra do artigo:
Avanço do esporte para além do futebol
Por Vicente Cândido
Tenho procurado dar minha contribuição ao desporto brasileiro desde a juventude, como militante nas Cebs (Comunidades Eclesiais de Base) na zona sul de São Paulo, e como cidadão e homem público.
Na administração regional de Campo Limpo (hoje subprefeitura) – gestão Luiz Erundina -, fiz enormes esforços para colocar o esporte como prioridade, construindo 17 campos de futebol, diversas quadras e reformando espaços existentes.
Como vereador de São Paulo, aprovei o Fundo Municipal de Esporte. Como deputado estadual, trabalhei incansavelmente para que Assembleia aprovasse política para o esporte no Estado.
No Congresso, como relator da Lei Geral da Copa, procurei dar dimensão ao tema provocando vários debates. Há mais de um ano, um grupo de deputados (as) e eu estamos trabalhando para avançarmos no projeto de nação desenvolvida.
Dotar o Estado de política educacional, como esporte e cultura dentro da escola, é fundamental para criarmos novos paradigmas e marcharmos em direção à condição de potência econômica e cidadã.
Nosso país possui inteligência suficiente para produzir tais políticas e aplicá-las. Mas, mesmo se não as tivéssemos, bastaria uma visita a Cuba, EUA, Alemanha, China, entre outros que, com certeza, não nos negariam em emprestá-las. Construir projetos dessa natureza, em um processo democrático, requer – como dizia o ex-presidente Tancredo Neves -, no mínimo 90% de paciência, e isso tenho de sobra.
Reduzir o debate desse projeto apenas ao futebol, à divida dos clubes ou ainda ao enquadramento de todas as supostas beneficiárias do poder público no chamado artigo 18-A da Lei Pelé – que determina várias regras, entre elas a limitação de mandato nos clubes que supostamente recebam algum benefício estatal – é uma intervenção estatal descabida, que agride frontalmente a Constituição Federal.
Para que não paire dúvida da minha posição sobre o tema, vou explicitá-la: sou militante de um partido, o PT, e de um time, o Corinthians, cujo estatuto – aprovado com meu voto e apoio – assegura a limitação de mandatos.
Alguns órgãos da mídia e protagonistas do processo – apesar de terem o esporte no seu portfólio de negócio e meio de vida – fazem questão de não enxergar pontos importantes no Programa de Fortalecimento do Esporte Olímpico, como a criação do fundo para o esporte educacional, a alteração da Lei Pelé, que dará condições aos clubes de voltarem a ser formadores e limitará o papel dos empresários.
Esses e outros pontos foram amplamente debatidos em inúmeras audiências públicas, dentro e fora da Câmara. Por isso, esse é um projeto concebido por muitas mãos.
Tenho a certeza de que a solução para o esporte brasileiro vai além do futebol, do Congresso e do Palácio do Planalto. Por ser uma área extremamente estratégica e para que se transforme em uma questão de Estado, é preciso envolver toda a sociedade interessada.
Por último, vale um alerta: nós, políticos, já fizemos muita política com o esporte. Já passou da hora de fazermos um pouco de política para o esporte.
*Vicente Cândido é deputado federal pelo PT-SP e presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara Federal